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08/01/2021 Capa

“O som do coração”

Olá querido leitor, estamos aqui nos encontrando novamente. Agora nessa última edição do ano. Um ano atípico, em que caminhamos em muitos sentidos na direção do encontro com nosso verdadeiro propósito. É sobre esse tema que iremos trazer uma linda narrativa nessa matéria. Sobre como um artista se percebe a partir de suas questões pessoais e seu movimento torna-se fluido, brilhante e totalmente conectado com sua essência.

Com muita honra, apresento a vocês nosso querido Madayati. Não consigo definir muito bem a minha sensação em escrever essa matéria, são muitas nuances. Assistindo uma live do “Grande Rei”, matéria da nossa edição passada, escutei uma música do Madayati. Logo perguntei ao Plinio de quem era aquele som. Resumindo, viciei.

Ao escutar aquelas músicas, senti uma vibração que a tempo não vivia. Escutei uma música não só com os ouvidos, mas com todo meu corpo! Pensei: Esse cara, vale a pena conversar.

As letras são profundas e as melodias têm um ritmo próprio e apropriado. Um estilo de composição que diz muito do que acreditamos enquanto ideal de Revista. Em suas músicas, ele consegue condensar o que escrevemos em muitas páginas, em lindas letras embaladas por melodias tocantes.

Convido vocês a entrarem nessa viagem comigo.

Amanda Reis

 

“O som do coração”

“E que o amor mais sincero apareça e a semente no seu coração floresça”.
(Consciência)

Quem balança, balança
Quem é manso, avança
Entrega, confiança
Espera de criança
Sintoma de esperança, da eterna mudança
Quem serve não se cansa
Se faz cristal pajé lança
(Dança de Trança)

Minha relação com a música começa com meu pai e irmão, que tinham CDs dos mais variados estilos. Meu irmão era um ótimo pesquisador musical, curtia muito ir nas lojas, ver as novidades. Um amigo dele também me influenciou bastante, por trazer referências de bandas estrangeiras, o contato com os sons, mesmo que sem querer, começou a me pegar e passei a gostar muito de ouvir música. Lembro da época em que ganhei meu primeiro walkman e depois discman, foi um período de muitas descobertas, e logo após veio o ipod, que também era muito prático de carregar.

Na adolescência participei de uma banda e depois me tornei DJ, foi uma experiência muito rica, de escolha de repertório e conexão com o público. Ali pude aplicar tudo aquilo que ouvia, e passei a pesquisar mais e mais canções para que pudesse compartilhar nos meus shows.

Essa fase passou e perdi um pouco do meu interesse pela música, não encarava como um trabalho. O final dessa fase foi a busca de conexão com algo em que eu tivesse afinidade; nessa ocasião a música ressurge com toda força, e então eu percebi o quanto eu amava isso. A emoção advinda da primeira vez que subi em um palco para cantar para um público grande, revelava que era àquela forma mais verdadeira que eu tinha para me comunicar e de levar uma mensagem com facilidade para as pessoas.

Assumir essa carreira na minha vida, foi a chave para o trabalho fluir e criar novas composições. Em 2013 retornei as apresentações, em 2014 gravei o EP “Amor Sincero” e pude ver ele voar longe, senti que ali foi o momento em que pessoas do Brasil inteiro conheceram aqueles sons que falavam sobre o meu primeiro contato com a espiritualidade, das afirmações aos questionamentos, tudo junto, com arranjos muito bem colocados.

Em 2017 consigo gravar um single e 2018 foi a vez da “Ciclos”, uma composição em conjunto com a Mayah, que abriu muitas portas e que é adorada por muitos. A letra é muito verdadeira e o som é muito gostoso de ouvir, lembro que fiquei um bom tempo no repeat. Em 2019 gravei o álbum Vida Real, graças ao financiamento coletivo e ao apoio do DJ Alok, que sempre foi muito atencioso e aberto para ajudar. Neste ano lancei uma música que se chama Liberdade, que veio bem no começo da pandemia. Estava acompanhando os lançamentos no cenário musical e percebi que poucos falavam sobre o que estávamos vivendo. Para mim isso era bem estranho, pois parecia ser uma negação da realidade em um momento tão delicado.

Tenho a intenção de gravar novas músicas, clipes e continuar compondo, recebo muito relatos da galera que escuta as canções e me deixa muito feliz, impactar positivamente a vida de quem ouve as letras, que foram feitas com muito amor e carinho.

E a música vem pro bem de todos
E a música vai inspirar o povo
A fazer o que ama
Realizar os sonhos
Viver com saúde
Ter o que comer e beber
Estudar o que quiser
Viajar por aí
Trabalhar com paixão
E ser movido pelo coração
(Coração)

Comecei com músicas que questionavam a sociedade ou falavam de desejos meus, como o de viajar o mundo. Também escrevi letras que expressavam as desilusões amorosas típicas daquela idade. Mas depois de muito tempo sem compor, comecei a ler e frequentar espaços de yoga e meditação, a partir daí, novas inspirações vieram e percebi que eu tinha o que falar, eu tinha algo para transmitir às pessoas. O reencontro com a Natureza também foi um fator importantíssimo, uma grande inspiração a compartilhar esse mergulho na diversidade de cheiros, sabores, paisagens, sabedorias que só a natureza tem, e que sem isso ficamos perdidos e desconectados. Essa desconexão nos leva a destruir a natureza por não estarmos conscientes de que ela é a própria vida, a própria espiritualidade e a paz que tanto procuramos.

Tudo indo
Levando a vida
Não imaginava
Melhor assim
Um dia de cada vez
Pé no chão
Seguindo a jornada
Seguindo a intuição
Ninguém acreditava
(Vai longe)

Cada música é sobre um tema específico, como por exemplo, a “Natural” que desperta sensações distintas e que nos convida a nos aproximarmos dos ciclos da natureza, e da poesia que ali vive. A “Vai Longe” fala sobre o potencial que todo ser humano tem, quando encontramos isso dentro de nós, podemos ir muito longe externamente, basta ter paciência e ser persistente, porque na hora certa as coisas acontecem e até acontecer existe muito trabalho pela frente. Ou seja, cada música é um universo e isso faz com que os ouvintes possam se aprofundar e se enxergar nos caminhos ali descritos. É uma experiência real e amorosa sobre a vida.

Estou aberto para aprender
O que a vida tem a dizer
Enxergo os sinais para caminhar
Com coragem continuar
Seguir em frente
Não volta mais
Se joga no mundo
Corre atrás
Se lança
Em direção
Ao amor
(Viajar)

Encontrei na música, um sentido para minha vida, ela me ajuda todos os dias. É um encontro, em que posso ser quem eu sou e expressar o que estou sentindo. Me divirto cantando, compondo e tocando os instrumentos, e é muito especial enxergar os sons fluindo por aí. Quando você toca o coração das pessoas, tudo fica mais bonito. É uma troca, as músicas me inspiram e inspiram os outros, é um presente da vida para nós, temos que aproveitar, porque música boa transforma.

Escute a voz
Ficar a sós
É para todos nós
Brilho nos olhos
Um passo adiante
Tudo tão de repente
Finalmente
Me encontrei
Tão vasto e infinito
(Brilhante)

A arte desempenha um papel essencial em nossas vidas, e estar atento enquanto artistas, de que forma podemos contribuir, só vai facilitar na realização dessas obras que nos encantam. Na atualidade, temos a oportunidade de participar e entender os bastidores dos artistas que admiramos, cada mensagem que enviamos, agradecendo, cada apoio e carinho, só fortalece, e acredito que esse coletivo é que torna tudo possível, pois foi graças às doações de quem me acompanha que pude trabalhar e levar essas músicas com qualidade, de volta, para que mais e mais pessoas possam ser contempladas com todo amor, dedicação e entrega que existe no trabalho como um todo. Desfrutem!

E é desse lugar de contemplação que essa linda entrevista vai reverberando em todas as nossas células. Quantos de nós está desencontrado de sua própria essência? O contato com a natureza, com a liberdade da arte viva nas entrelinhas de um cotidiano pouco observado, nos encaminha para um retorno ao nosso movimento interno com tanta beleza, com tanta força.

Madayati
Cantor

Artistas como o Madayati contribuem de maneira positiva nessa caminhada, nos oferecendo muito de suas vidas e de suas experiências traduzidas em sua arte, tocando profundamente nossos corações e nossas almas. Não existe outro caminho senão a nossa auto-observação amorosa e vigilante. Só assim conseguimos estar na vida verdadeiramente, com todas as dores e as delícias que ela tem para nos oferecer.
Que 2021 chegue para nós trazendo a força dos relacionamentos emanada por Vênus e que possamos nos conectar com a beleza que existe em todos os seres!
“E se a tempestade vier, pode saber que é pra regar. Vem pra lavar a alma e trazer paz!”.

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Madayati