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12/10/2018 Capa

A Origem da Consciência: Teoria Holoinformacional da Consciência

Nos últimos dias 13 e 14 do mês de setembro, tivemos a alegria de participar do 13º Simpósio Internacional sobre Consciência e Autoconhecimento “Nada Ocorre”, promovido pela Fundação Ocidemnte, onde apresentamos a Revista Estimuladamente uma ferramenta de desenvolvimento humano para autoconhecimento e o despertar da consciência.

O evento focalizou-se na divulgação e promoção de atividades científicas acerca dos temas consciência e autoconhecimento, a partir das polifonias de renomados pesquisadores mundialmente reconhecidos.

Na ocasião, dentre os principais palestrantes do evento, estava o Dr. Francisco Di Biase, neurocirurgião, pesquisador da consciência e Único Grand PhD da América do Sul, título concedidopela World Information Distributed University.

Em sua palestra ele apresentou de forma brilhante e didática o arcabouço epistemológico de sua teoria, nos proporcionando um passeio pelo paradigma cartesiano/newtoniano, até o desenvolvimento da física quântica e suas implicações para os estudos da consciência.

A trajetória apresentada pelo professor nos fez arrepiar! A cada palavra dita, cada aspecto apresentado, estávamos mais convictos de que avançamos para a construção de uma nova humanidade, ancorada no processo evolutivo da consciência. Claro, que diante de todo esse frenesi, não perderíamos a oportunidade de aproximar o conhecimento dessa mente diferenciada, de você, querido leitor. Sim! ele aceitou nosso convite! O que você lerá, a seguir, é uma entrevista exclusivaconcedida pelo Dr. Di Biase à nossa equipe.

Registramos a nossa gratidão e honra por sua disponibilidade, sua leveza e encantamento, que nos convocam a todo o instante a mergulhar nesse universo da expansão da consciência.

A teoria holoinformacional da consciência trouxe vários prêmios para o professor, porque essa teoria é tão premiada no mundo dessa forma?

Tudo começou com a minha preocupação de tentar explicar Quem sou eu? O que eu estou fazendo aqui? Essas perguntas filosóficas que vão surgindo na cabeça da gente com o tempo, me fizeram começar essa busca. Eu comecei a ver que o paradigma da visão de mundo que eu havia aprendido na minha vida escolar, na universidade, na pós-graduação, havia me mostrado um caminho que não me pareceu o suficiente para tentar entender o cérebro e o que eu sou nesse universo. Isso me levou então, a questionar algumas bases científicas e filosóficas do meu aprendizado. O aprendizado nas universidades geralmente é baseado no paradigma cartesiano newtoniano. Que é um paradigma que usa a filosofia do francês Renè Descartes, de uns 300 anos atrás, que separou mente, corpo e o homem do universo. Descartes dizia que tinha sonhado com Deus e que o mesmo lhe disse que tinha que separar: o pensamento – o espírito – o corpo. E aí criou aquela frase famosa: Cogito ergo sum (traduzida para o português como “penso logo existo”). O que de uma forma insidiosa, sub-reptícia, foi penetrando nas universidades ocidentais, na filosofia e na cultura do mundo ocidental, e hoje persiste. Se você analisar as teses de mestrado, doutorado, você vai ver que tais estudos são todos de base materialista, no sentido de que nos separam do universo. Mostra como no nosso universo, a estrutura é quântico holográfica.

Como o senhor mergulhou nessa abordagem para o desenvolvimento da sua teoria?

Começou quando eu tive contato com o livro O Tao da Física de Fritjof Capra. Esse livro me impactou muito por demonstrar os paralelos que existem entre essas filosofias espirituais da história da humanidade (budismo, hinduísmo, cristianismo, zen-budismo taoísmo). Como é que tudo isso tem paralelos com a ciência moderna, a física quântica e a física relativista? E eu comecei a ver então, que eu estava olhando só para um lado das coisas, tinha um outro lado, uma sabedoria antiga, ancestral, da história da humanidade, que eu não conhecia. Utilizando a própria bibliografia dos capítulos desse livro, fui me inteirando de tudo, como se tivesse fazendo um outro doutorado na história das tradições espirituais, e isso foi muito importante, porque começou a me mostrar que muitas abordagens que a ciência moderna apresenta tem a ver com essas tradições. Em todas as áreas, principalmente, na física quântica, termodinâmica, psicologia transpessoal, neurociências, revelavam anomalias dentro do paradigma vigente, que é o cartesiano-newtoniano.

Daí, comecei a estudar isso mais a fundo, fazer anotações, durante mais de 10 anos. Depois, vi que esse estudo dava para montar um livro, cuja abordagem estaria centrada em uma nova visão de mundo: o paradigma holístico – um dispositivo integrador, que articula à ciência moderna (produzida nos séculos XX e XXI) com espiritualidade, com artes, mitologia e filosofia, tanto ocidental quanto oriental, numa visão muito mais abrangente do que essa visão materialista, cientificista dos últimos 400 anos. A nossa civilização ocidental foi desenvolvida com base cartesiana, principalmente depois da revolução industrial, afirmando-se preemente a partir da revolução da informação, nos anos 1960/70, e entrou num estado anti-entrópico, de aumento de ordem cada vez mais acelerado, com o surgimentoda internet, nos anos 90, quando evolui para uso público. Talvez por ser neurocirurgião, neurologista, eletroencelografista, o que me põe em contato com a ressonância computadorizada, passei a considerar que era necessário fazer uma síntese dessas observações. Assim, nasce o meu primeiro livro O homem holístico , escrito em 1995. A obra defende a associação das investigações no campo da ciência, tradição, espiritualidade, parapsicologia, paranormalidade, que antes não eram agregadas como possibilidade de análise dos fenômenos que nos circundam. Quando me interessei em ser neurocirurgião, neurologista, estava preocupado em entender o cérebro, porque achava que entendendo o cérebro, entenderia tudo. Depois de trabalhar com as técnicas cirúrgicas, comecei a entender que é como uma carpintaria, pois exige o entendimento de toda a técnica, para ter sucesso, mas que, a atividade médica por si só, não explica nada. Não vai além do materialismo. Quando publiquei esse livro, coloquei no prefácio a minha preocupação quanto à interferência da publicação em minha profissão. Mas assumi o risco e esse livro é um sucesso, está na 5ª edição. Comecei a receber pedidos para falar disso, comecei a dar aula sobre o tema na UNIPAZ, conheci o Dr. Pierre Weil, que, aliás, foi quem escreveu o prefácio do referido livro. Eu comecei a ver que havia uma tribo que era muito interessada nessa nova visão, isso me fez ter uma empolgação maior para continuar levando tudo isso adiante, o que me levou a uma grande questão com a ciência moderna, na área de neurociência, que é o problema da consciência.

Então, por favor, nos explique melhor esse “problema”.

A consciência foi deixada como algo um pouco a parte desde que Descartes fez a divisão. As universidades que estavam surgindo na época, no mundo ocidental ficaram com a parte das ciências, dedicando-se ao exame das exatas, humanas, técnicas. Por sua vez, a teologia e a religião ficaram com a Igreja, que entende a consciência como sendo o espírito, afastando, então, a consciência das pautas acadêmicas. Durante os últimos 300 anos, até o meio do século passado (século XX), não havia muitos registros de estudos profundos sobre a consciência. Sempre me intrigou, a dificuldade de compreender a razão pela qual os estudos acadêmicos desconsideram as bases da física quântica, para a investigação da neurociência, no séc XX/XXI. O que se estuda até hoje na universidade é o mesmo que há 100 anos foi descrito pelos pesquisadores, o que vem sendo estudado há anos como sendo o fundamento da neuroanatomia e neurofisiologia. Essa situação começou a mudar com as máquinas de neuroimagem que permitiam ver o cérebro funcionando (antes se estudava o cérebro morto), isso me instigou ainda mais para tentar entender a consciência. Só nos anos 80, com alguns estudos, e depois nos anos 90, com a ressonância funcional, o mapeamento cerebral computadorizado, percebi que havia algo que não se concluía e isso me inquietou. Então, questionei: será que tem alguém estudando o cérebro com base na Quântica? A coisa vem com sincronicidade, as coincidências significativas que vem na vida… Eu estava no segundo ano da pós graduação, com Dr. Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro e me caiu na mão uma revista, onde tinha um artigo falando do Prêmio Nobel de Medicina. Segundo a informação contida no texto, tal prêmio tinha sido dado a um médico pesquisador inglês, John Eccles, que se juntou com um físico, e conseguiu demonstrar que as conexões entre os neurônios, chamadas sinapses (onde são liberados neurotransmissores, relacionados ao humor), seguem os padrões de probabilidade quântica. A física quântica é probabilística, não é exata como a física relativista.

A equação de Schrödinger, que mostra as probabilidades de ocorrer um evento, funciona para entender a liberação dos neurotransmissores nas sinapses, mostrando o paradoxo dessa interpretação probabilística da realidade em que a mente influencia o resultado do experimento quando medido. É um paradoxo se explicando no mundo do dia a dia. Por isso o Schrödinger inventou uma experiência mental de um gato dentro de uma caixa que tem um emissor de radiação, ao acaso. Quando a radiação é emitida, conecta-se a um detector, estimula um martelo, quebra um vidro, onde está um veneno, e aí o gato morre. Ou não morre. Segundo a teoria quântica, que dá infinitas probabilidades de ocorrer um evento, o evento só vai ocorrer na hora que você observa, quando a consciência entra na jogada. Então, quando você abre a caixa, que a consciência entra na jogada, é que você vai saber se o gato está vivo ou morto. O Schrödinger movimentou o termo entrelaçamento quântico, que hoje é muito usado em computação quântica, que depende desse entrelaçamento entre várias partículas para criar uma infinidade de possibilidade de cálculos, muito maior que os computadores digitais, permitindo fazer cálculos infinitos. Quando descubro o John Eccles falando depois de ganhar o Prêmio Nobel nos anos 70, desconhecido nas universidades, então investiguei os motivos pelos quais ninguém ouvia falar dele e então descubro que a teoria dele é dualista, não é materialista. Ele explica que existe o lado físico do cérebro e conexões que ele chama de dendritos. Entre esses dendritos estão fibras muito finas que saem das pontas dos axônios, chamados de telodendros. Ele chama esse conjunto de rede de dendritos, que é o que dá os potenciais elétricos oscilatórios, detectáveisno eletro encefalograma. No eletro encefalograma não se detecta a transmissão do axônio, que é a mais evidente, chamamos de “tudo ou nada”. Ele dá um disparo, depois tem um tempo que fica sem poder ser estimulado, na sequência há um outro disparo. Não é isso que aparece nos eletro encefalogramas. No eletro encefalograma detectamos ondas, que são oscilações dessas redes. Segundo o professor, esse era o lado físico, e que se conectaria com o lado da mente, que seria os psicons, ele tentou dar explicações para esses psicons, porém infelizmente faleceu antes de finalizar o trabalho. Como era um argumento dualista, não era exclusivamente físico, descartaram a pesquisa. Essa manutenção do Establishment, dos círculos de poder, das associações médicas e de especialização dos centros, valorizam o que pertence ao paradigma antigo, materialista, o que está fora disso ainda é radicalmente ignorado. Algumas vezes que eu tentei abordar tal possibilidade em congressos de neurocirurgia, tinha a maior dificuldade em apresentar o trabalho e fazer com ele fosse aceito. Para garantir a abordagem, tinha que colocar uns ganchos neurocirúrgicos, para começar a falar e depois conduzir para onde eu queria.

E, diante dessas questões, como o senhor inicia as conexões entre a física quântica e a neurociência para explicar a consciência?

A partir dessa visão toda, de que a física quântica poderia ser aplicada, eu também entrei em contato com o Dr. Karl Pribram, neurocirurgião como eu, neurocientista, um grande pesquisador da consciência, que morreu há pouco tempo, aos 95 anos, e criou a teoria holográfica do funcionamento cerebral. Holográfica porque depende da interação da frequência de ondas, formando padrões de interferência que podem criar imagens holográficas, do tipo que se vê nos filmes, a exemplo do Guerra nas Estrelas, na cena da reunião do conselho Jedi, com um deles no centro com um aparelho de holografia, que transmitia a imagem dele em outro planeta. Hoje essa tecnologia está tão avançada que tem pessoas que fazem palestras pelo mundo holograficamente, com um sistema de holografia. A televisão do futuro será holográfica. A visão holográfica é quântica, porque a base do funcionamento é quântico. A importância do sistema holográfico é que nele a informação está distribuída, não está localizada em um ponto. A parte superior do cérebro, o córtex cerebral temalguns neurônios que formam faixas horizontais, que são neurônios que não tem esses axônios prolongados, os quais permitem esses impulsos e funcionam no modo ondulatório. Nesses neurônios no modo ondulatório, a mistura das ondas, os padrões de interferência, permite a criação de um armazenamento de informações de caráter holográfico. O Dr. Pribram demonstrou isso em laboratório e ele evidenciou então, a possibilidade de que a nossa consciência, a nossa memória, está distribuída no córtex inteiro, a informação está distribuída no cérebro todo. Nós não conseguimos localizar a memória de longo prazo, a memória consolidada, em uma parte específica do cérebro. Só localizamos no cérebro a memória em curto prazo que está por dentro da lateral do cérebro, nos lobos temporais, numa estrutura chamada hipocampo, que é a primeira estrutura que começa a atrofiar na doença de Alzheimer, que perdendo a memória em curto prazo, começamos a esquecer onde estão as coisas, não reconhecer algumas pessoas, mas lembramos de coisas antigas. É essa memória de longo prazo que não localizamos em lugar nenhum do cérebro. Em cirurgias para retirada de tumores muito grandes benignos, que deixando um buraco no cérebro, percebemos que a memória em longo prazo não é afetada, os automatismos são conservados, como por exemplo, de entrar no carro e saber passar a marcha e como dirige. Só vai ser afetado se for em um local relacionado a uma função muito específica, por exemplo a área motora, que quando afetada pode gerar uma paralisia. A memória é diferente porque ela está distribuída. Eu tomei conhecimento de que existia uma teoria quântica holográfica, que explica a natureza do universo, que revela que a informação é distribuída, ou seja, que cada parte do universo, cada parte da nossa mente holográfica, contém a informação do todo. Ao ler o Umesawa, David Bohm, estudando essa história do universo ser quântico, holográfico, tive um insight. Estava estudando física quântica para entender essa mudança que estava havendo no mundo, vendo que tinham pessoas falando do cérebro reptiliano sendo mal compreendida, cheguei a um filósofo das ciências chamado David Chamelrs, que nos anos 90 começou a fazer uma crítica a essa visão de que a consciência seria isso que a gente está vendo nas nossas máquinas de neuro imagens. Então, ele falou o seguinte: existem o “easy problems” e o “hard problem”. O easy problems são substratos neurais da consciência, que são vistos nas cores das ressonâncias funcionais, tratam de como é que o cérebro está funcionando. Mas isso não é a consciência. A consciência é um “hard problem”. É fenomenológico, ou seja, não é física. Ele dá um exemplo: quando pegamos uma rosa e sentimos a textura dela, o odor da rosa, tudo isso provoca um processo interno seu, que é a sua experiência da consciência da rosa. Isso não é o que está aparecendo na máquina, ali é o substrato neural disso. Essa compreensão de que a consciência é mais fenomenológica do que fisica, deixou todo mundo inquieto. Comecei a ver que a compreensão dessa diferença decorria também do fato de que a gente olhava para o universo como algo separado de nós. Como se a nossa consciência, nosso próprio corpo, acabasse aqui e nós não tivéssemos conexão com nada. Juntei essa ideia ao insight advindo dos meus estudos de física quântica, cuja prerrogativa é de que existe um tipo de informação quântica que conecta tudo instantaneamente no universo, hoje comprovada experimentalmente. Essa descoberta separou o Einstein da Física Quântica, porque na teoria da relatividade a constante fundamental é a velocidade da luz, que são de 300mil km/s, então na visão do Einstein não poderia existir uma informação instantânea que, por exemplo, conectasse um pesquisador aqui em um lado da galáxia a outro do outro lado da galáxia que tem 100 mil anos luz de distância, e que se você mudar aqui um spin (giro do elétron), o outro vai mudar no mesmo instante lá, porque eles estão sempre contrários. Einstein deu até um nome engraçado: “ação fantasmagórica a distância”. Essa informação foi trazida pela física quântica, pós Einstein, e que realmente o Einstein não acompanhou, se afastou e morreu nos anos 50 tentando criar uma teoria do campo unificado. Tudo isso só passa a fazer sentido depois dos anos 80, quando começaram a surgir experimentos comprovando que essa não localidade existe. Nos anos 90, comprovou-se tal possibilidade a partir da grande distância na Suíça, e agora a alguns meses, os chineses mandaram um laser da lua pra Terra, mostrando que existe esse entrelaçamento quântico, que é a informação não local, que conecta todas as coisas. Passei a considerar que essa informação não local dos sistemas quânticos, enquanto instantânea e que conecta tudo no universo, tem que estar conectando o processamento quântico-holografico do cérebro com a estrutura quântico holográfico da estrutura atômica do universo, senão não faria sentido. Então pensando nisso, juntei uma equações e mostrei que era possível que nós fôssemos conectados com o universo inteiro. E eu chamei isso de Teoria Holoinformacional da Consciência.

Por que Teoria Holoinformacional da Consciencia?

Porque holoinformacional? Porque ela é ao mesmo tempo informacional quântica, instantânea, fazendo a conexão, mas também é informacional local dentro das redes neurais clássicas do cérebro. Então, essas conexões do estudo do neurônio, considerando que o ser humano tem 100 bilhões de neurônios, e cada um deles fazem aproximadamente 10 mil conexões, perfazendo uma quantidade de conexões clássicas enorme. Há esse tipo de informação que vem se estudando há 100 anos, mas existe também essa informação quântica que sai do cérebro e que depende não do interior do neurônio, mas sim dos campos eletromagnéticos em torno dos neurônios que formam um padrão de interferência de onda. É mais ou menos como funciona o piano. O piano tem oito teclas, oito martelos vão bater em oito cordas, cada corda tem um tamanho diferente que produz uma nota diferente, uma vibração sonora diferente, elas se misturam e formam uma resultante, que é a harmonia que se ouve, a música que você ouve não está no piano, ela está no campo ressonante em torno do piano. O Pribram aplicou isso no cérebro para ondas eletromagnéticas e mostrou que temos uma resultante que é distribuída pelo cérebro inteiro. Um bom exemplo é sobre essa realidade que estou vendo aqui dessa sala tem um monte de formas e cores. As formas e as cores entram como freqüência de ondas diferentes. É como se cada mirada que eu tivesse dando, em que mudam completamente as informações assimiladas, tivesse que ser calculada cada uma delas, pelos neurônios da retina. Não haveria neurônio suficiente. Então, os neurônios fazem o cálculo de Furrier, rapidamente eles captam todas as freqüências e dão uma resultante. Assim, o que é transmitido pelo nervo óptico é uma resultante que é um pulso digital que vai pras áreas posteriores do cérebro que são as áreas da divisão. Nós já fazemos isso. Em 1949, um sujeito chamado Denes Gábor deduziu que se ele fizesse o cálculo inverso da resultante, se saísse pro espaço/tempo, que é a nossa realidade do dia-a-dia, poderíamos retornar a uma visão do espaço/tempo, criando um holograma, que é um objeto tridimensional, mas virtual.

Essa é a base do holograma,uma inversão do cálculo de Furrier, que ganhou um prêmio Nobel por isso.

Sobre essas informações não locais, nós podemos fazer uma referência aos registros akásticos?

Sim. Há uns 5 mil anos, os vedas, nos livros filosóficos espirituais dos hindus, vêm falando que quando você entra em estado de meditação profunda, você acessa o que eles chamam de arquivos ou registros akásticos, que é o registro de toda história do universo, de todo conhecimento que já existiu, e que é atraído pela meditação. Hoje com essa nossa informação computadorizada, matemática, quântico-holográfica, é possível entender que essa conexão existe na maneira de informação não local, essa informação quântica, instantânea, que conecta o teu cérebro com o todo, como nos sistemas holográficos cada parte tem a informação do todo, então o universo está dentro de mim. E isso está nas reflexões. Quando você reza o Pai Nosso, você diz “assim na Terra, como no Céu”, você está dizendo que o Pai está dentro de nós. Parecido com o que diziam os Alquimistas, na idade média: “tudo que está em cima, está embaixo”.

Como na Metáfora da Rede de Indra. Por cima do castelo do Deus Indra vestia uma rede infinita de gemas preciosas, essas gemas estariam nos vértices da rede, elas eram tão polidas que cada uma refletia todas as outras ao mesmo tempo. Se você olhasse em uma das jóias, você veria todas as outras refletidas nela. Essa metáfora tem relação com um holograma em que cada uma das partes tem a informação do todo. Eu costumo dizer que essa visão quântico holográfica, metaforicamente foi descrita pela primeira vez na história da humanidade 500 a.C, pelo budismo mahayano que criou essa metáfora da Rede de Indra.

Todos comentaram durante o simpósio sobre sua memória, o sr. lembra os nomes de todos, as datas, como neurocientista, qual é o segredo para tanta memória?

Quando eu comecei a me interessar por essas tradições espirituais, por relacionar alguns paralelos que tinha com a ciência, percebi claramente que todas elas diziam que era preciso ter uma prática espiritual, se não você não consegue penetrar a fundo nas coisas. Então, resolvi entrar nessa e nos anos 90 aprendi meditação transcendental e tai chi chuan, e desde essa época eu pratico diariamente. Eu dou uma caminhada, pratico tai chi chuan e depois medito, com mantras. Hoje está comprovado cientificamente, quando você faz isso você aumenta sua capacidade de neuroplasticidade, que é a capacidade de formar novas redes neurais. Antigamente, até os anos 90, acreditava-se que o cérebro não se regenerava, que ao passo que a pessoa envelhecia, os neurônios iam morrendo, até a pessoa demenciar, caducar. Ficou provado que isso era balela. Hoje se reproduzem neurônios em laboratórios. E quando você estimula seu cérebro com novidades, o tempo todo você cria redes neurais novas. Ou seja, a cada 90, 120 minutos são produzidos redes neurais novas. Nossa capacidade de aprender é infinita. Hoje acompanhando pessoas que utilizam técnicas de relaxamento, como a meditação, prática de exercícios físicos, além de atividades e novidades que enriquecem o ser, constatam-se nesses indivíduos o registro de memória boa até o final da vida, evitando escleroses, doenças como Alzheimer. E mais, nessas pessoas, quando há algum evento que lesa o cérebro, como o AVC, a probabilidade de boa recuperação é muito maior.

Colaboradores

Francisco Di Biase