05/11/2020 Alimentação
Aprender a comer, aprender comendo
Como fazer com que as crianças tenham hábitos de alimentação saudável? Dar o exemplo costuma ser a forma mais eficaz. Somos responsáveis pelos hábitos alimentares das crianças, que elas provavelmente levarão para a vida toda, e poderão refletir em sua saúde física, mental e emocional. O que comemos e o que disponibilizamos às crianças pode fazer diferença.
Antes dos 6 anos, somos um reflexo de nosso entorno. Estamos o tempo todo observando e absorvendo. É a fase da vida onde mais nos desenvolvemos, e estamos voltados para brincar, criar, imitar. Ainda não sabemos o que é bom ou prejudicial. Quer melhor oportunidade para revermos nossos hábitos alimentares para inspirar os pequenos?
Nesta fase, é um grande esforço para as crianças tomar decisões. Por isto, comem o que veem. Deixar alimentos saudáveis à vista e à mão, pode ser uma estratégia. Quando estiverem buscando comida, vão querer aquilo que está acessível, seja fruta ou biscoito. Vão querer o que aprenderam que é comida.
Aprender a comer e a confiar no que os pais oferecem, estimula a humildade, o respeito e a sensação de estar sendo cuidado, o que traz segurança. Claro que é bom dar opções, dentro do que é saudável. Às vezes é melhor ficar sem comer, do que comer qualquer coisa. E quando realmente surgir a fome, a criança vai aceitar o que há disponível.
“Nos supermercados estão prateleiras e prateleiras do que pode ser considerado ‘lixo nutricional’ e que as pessoas consomem como alimento.” – Sônia Hirsch
É nossa responsabilidade saber diferenciar e mostrar às crianças o que é alimento e o que é meramente diversão. Oferecer produtos que não vêm embalados em plástico, também ajuda na percepção do que alimenta. Comida adquirida pronta pode ficar para ocasiões especiais, finais de semana e passeios. Assim, esta responsabilidade se estende para o planeta inteiro, garantindo um futuro com menos lixo para as novas gerações. Alimento saudável é saudável para quem come, para quem produz e para o ambiente.
Já vi criança pequena que tem uma alimentação natural, que quando alguém oferece uma bala, fica brincando. Nem desconfia que seria para comer. Ou que é atraída por um pacote barulhento e colorido, mas quando abre, se decepciona com o que está dentro. Caso o paladar da criança já tenha sido pervertido por sabores artificiais, fique tranquilo: o paladar infantil pode mudar numa velocidade muito rápida, com substituições ou retiradas graduais de alimentos super processados ou concentrados. Para tudo há uma solução.
Alguns pais iniciam uma horta em casa quando seus filhos nascem, preocupados com a quantidade de veneno em verduras e legumes convencionais. Este simples ato de amor vai além da qualidade alimentar. Desperta nas crianças o encantamento de observar as sementes, plantar, acompanhar o desenvolvimento da planta, o florescimento, formação e amadurecimento dos frutos, até chegar a colheita, e voltar à semente. O encantamento pela ciclicidade da vida. Sem contar a energia de cuidado que foi transmitida àquele alimento.
Diversas vezes recordamos com meu primo o sabor inigualável dos tomatinhos que meu avô cultivava e comíamos no jardim. Também lembro dos sucos de frutas deliciosos que minha mãe fazia em nossos aniversários para evitar refrigerantes. Durante a quarentena, começamos a cultivar tomates e morangos. Nosso sobrinho de 4 anos, que antes acordava pedindo o celular, agora acorda querendo ver se tem fruta madura para colher.
Outro dia passei por uma casa, onde estava havendo uma festa de aniversário de crianças. Fiquei emocionada em ver, no lugar de uma mesa de doces e salgadinhos, caixas de feira cheias de frutas de todas as cores, e as crianças se deliciando com melancia, uvas, bananas, manga, e outras frutas à vontade.
É aconselhável manter as crianças longe de açúcar e produtos processados ou refinados, pelo menos até os 3 anos. Se aguentar até esta idade, será menos provável que se torne uma pessoa amante de doces ou comidas industrializadas. Será mais fácil que ela compreenda o que é comida de verdade, que nutre corpo e alma.
Alimentos naturais, como frutas e castanhas, podem ser consumidos a qualquer hora, em qualquer quantidade. Fazem bem e equilibram. Se um alimento é bom, isento de venenos, ingredientes refinados ou processados, é desnecessário colocar limites, tipo: “só mais um!!”. Se o sorvete for de pura fruta, podemos comer 1 quilo no café da manhã sem peso na consciência.
Convidar as crianças a entrar na cozinha e se envolver no preparo dos alimentos, é outra forma de unir educação e diversão. Todas as ciências podem ser ensinadas através de um prato de comida. Quando as crianças cultivam ou preparam seu alimento, se sentem mais estimuladas a comer. Além disto, cozinhar traz confiança, independência, criatividade, cooperativismo, criticidade e reaproximação com a natureza.
Lanchinhos saudáveis para ter sempre à mão
- Pipoca
- Barrinha de cereais e sementes*
- Frutas
- Frutas secas, castanhas
- Coco seco em pedaços, cru ou assado
- Docinhos de frutas secas
- Sorvetes e picolés de frutas congeladas
- Biscoitos*
- Pãezinhos tipo de queijo*
- Vitaminas de frutas
- Granola com frutas
- Amendoim torrado em casa
- Craquers* integrais
- Biscoitos de polvilho*
*caseiros
Picolé de banana com granola
Ingredientes: bananas bem maduras, frutas secas, granola, sementes, amendoim moído, coco ralado, etc. Palitos de picolé.
Corte as bananas ao meio no sentido horizontal.
Enfie no palito cuidadosamente.
Enfeite com as sementes, cereais, frutas secas.
Uma atividade divertida para fazer com as crianças é fazer caretas nas bananas, usando as frutas secas e sementes.
Coloque os picolés em um recipiente, um ao lado do outro, sem encostar, e leve ao congelador.
Barrinhas de sementes
É possível preparar com diferentes tipos de sementes, puras ou misturadas, na proporção de 4 medidas de sementes para 1 medida de melado.. Uma das minhas preferidas:
1 e ½ xícara de pepitas de girassol
½ xícara de gergelim
½ xícara de melado de cana
Óleo de coco para untar
Unte com óleo de coco um prato ou forma de vidro, cerâmica ou metal.
Coloque o girassol em uma panela, para torrar levemente, mexendo de vez em quando. Quando estiverem começando a dourar, acrescente o gergelim.
Quando começarem a estalar, adicione o melado, mexendo lentamente.
Quando começar a descolar do fundo da panela, vire na fôrma e abra com um rolo.
Corte antes de esfriar.
Luciana Guidoux Kalil
lunaca@mailoo.org
Colaboradores
Luciana Guidoux
lunaca@mailoo.org