REVISTA ESTIMULADAMENTE

Olá pessoas queridas, como estão vocês nesse momento tão complexo em que fomos convocados a viver um cenário de isolamento social? São desafios impostos pela realidade que vivemos e que muitas vezes não escolhemos. Tenho tanta coisa para conversar que acabo me envolvendo na dificuldade de sistematizar meus próprios pensamentos. Mas a questão é que esse momento já estava previsto, astrologicamente falando. A grande transformação e a entrada na Era de Aquário. Só não imaginava que essa conjunção astrológica fosse se concretizar em uma grande pandemia. No entanto, faz muito sentido para mim. Nós precisávamos de algo que abalasse as estruturas de toda nossa construção de sociedade, só assim abriríamos os olhos. O que vocês acham disso?

Enfim, muito bom ter esse espaço para poder conversar sobre isso. E esse diálogo vai encaixar perfeitamente com o tema que preparei para encerrar a nossa série de textos sobre Transdisciplinaridade. Nessa edição vamos conhecer o terceiro pilar que ancora esse conceito e que nos dá a completa dimensão da lógica de um pensamento transdisciplinar, que está para além dessa discussão epistemológica, que vem como atitudes e comportamentos especialmente no período que estamos vivendo.

Já dei uma pincelada no texto passado, que culminou na compreensão da ideia de descontinuidade na estrutura dos níveis de realidade, o que nos revela que cada nível está associado com o seu próprio espaço e tempo. Por isso recomendo que, se sentir alguma dificuldade de compreensão, consulte as edições anteriores dessa revista. Trocando em miúdos, isso nos induz pensar em uma estrutura de realidade multidimensional e também multi-referencial. Eu sei que parece abstrato e muito emblemático, e também preciso dizer que não se trata de achismo, mas sim de Física. Tudo por causa do “quantum” de Planck, que deu seu nome à mecânica quântica, e que acabou por revolucionar toda Física e mudar profundamente nossa visão do mundo.

Foi como abrir uma caixa de surpresas ocultas. Muitos conceitos foram abaixo depois que Planck, Bohr, Einstein, Pauli, Heisenberg, Dirac, Schrödiger, Born, de Broglie e alguns outros apontaram uma nova forma de pensar a partir de suas descobertas. Foi o surgimento de uma nova casualidade que envolveu o infinitamente pequeno e o infinitamente breve.

É gente, no mundo quântico as coisas acontecem de um jeitinho bem diferente. Acreditem que existe interação independente do quanto elas – as coisas- estejam afastadas! Isso é quase que inadmissível para nossas leis macrofisicas, nas quais as interações apontam implicitamente para uma ligação, que nesse caso Einstein chama de velocidade da luz. Ah! Fala sério? Será que é possível ultrapassar essa luz? Bom, aqui tenho uma posição clara. Sim!!! Mesmo pagando a alta conta de manter a causalidade local e colocar em xeque a teoria da relatividade. Mas assim penso, que já que estamos em tempo de isolamento isso fica ainda mais visível na nossa perspectiva de conjunto, de coletividade, na qual nos representamos como todo e partes numa lógica não dual e sim complementar.

O que falo é que existe um grande fator de interação. Esse fator está sempre nas coletividades humanas, mas infelizmente fechamos os olhos para isso e implementamos uma falsa separatividade. Digo falsa, porque tudo isso acontece independente do que jogamos no plano da subjetividade nessa nossa realidade. Mas, no contexto dessa discussão o que é mesmo realidade? Entendo por Realidade, em primeiro lugar, aquilo que resiste a nossas experiências, representações, descrições, imagens ou formalizações matemáticas.

Nessa perspectiva, fica mais fácil entender esse construto tão complexo e ao mesmo tempo tão importante para nossa mudança de paradigma. Vou tentar explicar usando uma linguagem usual, embora não tenha como conseguir abrir mão de alguns termos mais ligados à física. Vamos pensar que nesse estudo todo, o ponto de culminância são leis, sabem um conjunto de leis que formam um sistema, tipo as leis do sistema judiciário. Assim também é nos estudos que as ciências nos apresentam, e sendo bem específica, quando falamos em mundo microfísico existe um conjunto de leis gerais que não podem ser violadas. Só que com a descoberta do nível quântico, essa hegemonia das leis foi quebrada, já que nesse nível, as entidades quânticas submetidas às leis quânticas estão completamente separadas das leis do mundo macrofísico.

Deu tela azul? Imagino que sim. Na verdade, quero dizer com isso que se quando passamos de um nível para o outro existe uma ruptura das leis e de conceitos fundamentais, isso revela que esses níveis de realidade são diferentes. Sabem a maior prova disso? Nosso própria existência. Nosso corpo tem ao mesmo tempo uma estrutura macrofísica e uma estrutura quântica.

Bom, o surgimento de no mínimo dois níveis de realidade diferentes no que diz respeito ao estudo nos sistemas naturais é uma virada nas ciências e na história de nossa humanidade. Essa percepção nos leva a repensar a nossa história enquanto indivíduos e também socialmente. É nossa oportunidade de fazer novas leituras, de explorar outras formas de percepção acerca de nós mesmos.

E toda essa descoberta traduzida de forma linda pelo movimento da quarentena. Níveis de realidade dentro e fora de nós, dentro e fora de nossas casas. E o planeta se recupera indo de encontro ao que tudo. Movimento de expandir e contrair. Vida renascendo. É disso que estamos falando, de um renascer nos próprios níveis internos.

Amanda Reis
amanda.reis@estimuladamente.com.br