09/05/2019 Vida no trabalho
O Jogo Interior: qual é o seu placar? – Parte 1
Um dos muitos presentes que a vida me deu foi ter tido a oportunidade de conhecer o querido Timothy Gallwey, o Tim, e através da The Inner Game International School obtive diversas certificações no Programa O Jogo Interior.
Em seu livro O jogo interior do tênis, um bestseller, Tim explica que não se pode obter sucesso ou satisfação na prática de uma atividade se não se dedicar atenção às usualmente negligenciadas habilidades do Jogo Interior. Esse jogo acontece na mente de cada indivíduo e tem como obstáculos, por exemplo, a falta de concentração, o nervosismo, a insegurança e a autocondenação.
Recomenda-se que o praticante deste jogo valorize a arte da concentração relaxada, ou seja, as melhores atuações nunca acontecem quando as pessoas estão pensando sobre o seu desempenho. É preciso estar consciente, mas não estar se esforçando demasiadamente para acertar. A mente precisa estar tranquila, em harmonia. Quando se entra nesse estado mental (objetivo do Jogo Interior), não é necessária nenhuma interferência para que o sujeito atinja a excelência em seu desempenho, aprendizado e divertimento. Aprender a se e como se concentrar e a ter autoconfiança é muito valioso para qualquer área da vida.
Agora, é preciso estar disposto a desaprender os hábitos que interferem nesse processo e deixar que tudo flua naturalmente, pois o problema muitas vezes não é saber o que fazer, mas sim não conseguir fazer o que se sabe.
Posto isso, os personagens que se enfrentam no Jogo Interior são denominados, por Tim, de Ser (Self) 1 e Ser (Self) 2 – o “eu” e o “comigo mesmo”. O eu dá as ordens e depois emite o julgamento. O comigo mesmo executa as ações. Esse é o primeiro postulado do Jogo Interior: o tipo de relacionamento que cada pessoa tem entre seu Self 1 e o Self 2 é o fator primordial na determinação de sua capacidade em traduzir teoria ou técnica em ação efetiva. A chave para qualquer coisa que precise ser aprimorada está em melhorar o relacionamento entre o instrutor Self 1 e as capacidades naturais do Self 2. Muitas vezes o Self 1 faz você gastar mais energia do que precisa – esforço excessivo – e o Self 2 utiliza o esforço adequado.
A harmonia entre os dois seres acontece quando o pensamento de interferência do Self 1 sobre o Self 2 está silencioso e focado em algo. Para aumentar a eficácia é necessário acalmar a mente, isso significa evitar pensar, calcular, julgar, preocupar-se, temer, ansiar, arrepender-se, controlar, agitar-se ou distrair-se. O Jogo Interior tem como objetivo aumentar a frequência e duração desses momentos, silenciando a mente gradualmente e proporcionando uma expansão contínua de nossa capacidade de aprender e fazer.
A primeira habilidade que se deve aprender é evitar julgar nosso desempenho como bom ou ruim. Não fazer julgamentos é diferente de ignorar erros. O julgamento resulta em tensão e ela interfere na fluidez do processo. Quando a mente está livre de pensamentos e avaliações, ela age como um espelho, fazendo com que o indivíduo sinta e veja o que está fazendo, melhorando sua consciência sobre a realidade, daí decorre o aprendizado natural. Quando tudo isso ocorre, a confiança começa a surgir e finalmente se transforma no ingrediente básico da alta performance: a autoconfiança.
Sabendo que este jogo acontece dentro de você:
– Como pensa em escolher uma profissão ou mudar de profissão?
– Como você combate a sua ansiedade quando o assunto é a participação em um processo de seleção?
– Como anda a sua autoconfiança quando vai apresentar uma ideia ou um projeto no trabalho?
– O quanto você se utiliza do autojulgamento para as pequenas ações do cotidiano laboral?
Estas são apenas algumas situações onde destaco a importância de se prestar atenção neste jogo. E então, qual o seu placar?
Vamos falar mais sobre isso? Participe enviando um e-mail e acompanhe a coluna nas próximas edições.
Nota
1 O Jogo Interior do Tênis – O guia clássico para o lado mental da excelência no desempenho – W. Timothy Gallwey – São Paulo – Ed. Sportbook – 2016.