07/01/2021 Vida no trabalho
Síndrome de Burnout
Muito hoje tem se falado sobre esta síndrome, também conhecida como a síndrome do esgotamento profissional, entretanto, foi o psicólogo alemão Herbert Freudenberger, em 1974, um dos primeiros a descobrir os sintomas e caracterizar o transtorno como um sentimento de exaustão e de desinteresse, especialmente em relação ao trabalho, causado por um excessivo desgaste de energia e de recursos.
De lá pra cá, muitas pesquisas e estudos foram dedicados à compreensão desta síndrome e, desde 2019, a Organização Mundial de Saúde – OMS reconheceu o burnout como uma síndrome crônica. Atualmente, a mesma encontra-se na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), sendo considerada como um fenômeno ocupacional. Vale destacar que a síndrome de burnout se refere especificamente a fenômenos no contexto laboral e não deve ser aplicada para descrever experiências em outras áreas da vida.
Essa síndrome é considerada como uma das consequências mais marcantes da tensão emocional e do estresse profissional, e se constitui num quadro multidimensional bem definido de sofrimento psíquico no trabalho, caracterizando-se pelo desgaste na relação trabalho-trabalhador. Manifesta-se especialmente em profissionais que mantém uma relação constante, intensa e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda. Segundo as pesquisas, profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros e policiais correm risco maior de desenvolver o transtorno.
De acordo com Christina Maslasch (psicóloga americana que ganhou destaque ao desenvolver, em 1981, em coautoria com Susan Jackson um instrumento para avaliar a experiência de um indivíduo em situação de esgotamento profissional que até os dias de hoje é utilizado), a síndrome de burnout se configura num construto formado por três dimensões relacionadas, porém independentes: 1) a exaustão emocional, considerada o traço inicial da síndrome, representa a carência de energia e entusiasmo, ou seja, configura o esgotamento dos recursos emocionais e físicos decorrentes da sobrecarga e do conflito nas relações interpessoais; 2) a despersonalização, caracterizada por certa insensibilidade emocional, expressa-se quando o indivíduo passa a tratar clientes e colegas de forma indiferente e impessoal, como objetos; e 3) a baixa realização pessoal no trabalho, ou sentimento de incompetência, traduzida como uma tendência do trabalhador a se auto avaliar de forma negativa.
Sendo assim, o acometimento da síndrome, pode provocar diversas consequências, dentre elas a perda de interesse no trabalho, de forma que as coisas e as pessoas deixam de ter importância, ocasionando, assim, um certo isolamento das relações sociais e o sentimento de que qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil, provocando baixa autoestima.
Além desses, outros sintomas são refletidos em atitudes, como: ausências no trabalho, agressividade / irritabilidade, oscilações repentinas de humor, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade e depressão.
Esse sofrimento psíquico, se não enfrentado de forma adequada, é causa de afastamento do trabalho. A dor é subjetiva. A doença é uma defesa do sujeito. É como se, por meio de cada indivíduo adoecido, a consciência humana se utilizasse da doença para expressar seu desacordo com o modo de trabalho que o indivíduo tem e pode oferecer. As incertezas com relação a como se deve conduzir o seu envolvimento no trabalho (formas de agir, pensar e sentir) e a percepção da equidade entre o que o trabalhador investe e o que ele recebe nas suas relações no e com o trabalho.
É salutar lembrar que tanto o diagnóstico quanto o tratamento devem ser conduzidos por psicólogo e/ou psiquiatra. Mas saiba que é possível adotar algumas medidas para se evitar o burnout, como: estar identificado e atribuir significado àquilo que você faz (propósito) atentando para os aspectos que nos constituem: 1) biológicos (alimentação balanceada e saudável, prática de atividades físicas, qualidade do sono, respeitar os limites do corpo); 2) emocionais (diminuir a auto cobrança, aprender a lidar com a imperfeição, relaxar, buscar o autoconhecimento, desenvolver a inteligência emocional); 3) sociais, mantendo uma boa rede de apoio e; 4) espirituais, se conectar com o que você acredita e exercitando a sua fé.
Esse é um tema que ainda vamos ouvir muito falar… Acompanhe a nossa coluna nas próximas edições.
Sandra Rêgo
Psicóloga
sandra@sandrarego.com.br