06/01/2021 ICF
ICF Brasil apresenta tendências do futuro do trabalho em um mundo complexo
• Especialistas discutiram a importância da diversidade, inclusão e de uma gestão organizacional humanizada em cenários como o da pandemia
• Acordo de cooperação com a Fundação Dom Cabral tem foco na prática e no desenvolvimento da ciência do coaching profissional
São Paulo, 30/11/2020 – A International Coaching Federation (ICF), capítulo Brasil, promoveu nos dias 26 e 27 de novembro o evento “O fator humano em cenários complexos – Conversas imperdíveis & futuros possíveis”, que reuniu especialistas para discutir as competências necessárias por parte dos profissionais e das organizações para atuar em cenários desafiadores, assim como práticas adotadas pelas empresas para manter a criatividade, inovação e promoção da diversidade. Mais de 460 participantes, de 17 estados brasileiros, entre coaches e representantes de empresas, acompanharam 10 sessões especiais de conteúdo e debates, que contaram com 14 especialistas.
Estiveram presentes representantes de 11 capítulos da ICF na América Latina e capítulos de língua portuguesa. Além disso, o encontro contou com cinco associações nacionais de coaching. “Neste espaço de discussão pudemos compreender e confirmar que o fator humano em cenários complexos traz pertencimento e é plural. Essa é a transformação intencional que devemos celebrar”, defende Marcus Baptista, atual presidente da ICF Brasil. “Quando nos inspiramos com propósito e confiança, apontamos grandes possibilidades de enxergar novos futuros para todos nós.”
Competências em um mundo complexo
– Rikard Larsson, Ph.D. pela Lund University e cofundador da Decision Dynamics falou sobre os quatro estilos de tomada de decisão no mundo VUCA + P (volátil, incerto, complexo, ambíguo e pandêmico. na sigla em inglês). Segundo ele, em um universo cada vez mais dinâmico e competitivo, a agilidade e a capacidade de aprendizado são cada vez mais importantes, sendo que o melhor estilo de decisão depende de fatores como complexidade, consequências, pressão de tempo e até mesmo carga emocional.
A pandemia acrescentou um fator de incerteza sobre um mundo já volátil. “Quando a volatilidade aumenta, precisamos responder com mais rapidez e flexibilidade. Mundos complexos demandam busca por informações e um foco múltiplo. Quanto mais incerteza e ambiguidade, mais devemos simplificar a tomada de decisões, atuando de forma decisiva”, explica Larsson.
– Ana Claudia Plihal, diretora do LinkedIn Brasil, compartilhou dados do estudo realizado pela empresa sobre Futuro do Trabalho, com mais de 5 mil profissionais em 35 países. Foram identificados cinco fatores chaves para as mudanças nas relações de trabalho: importância das competências interpessoais, utilização de people analytics, flexibilidade no trabalho, políticas antiassédio e transparência salarial.
No Brasil, 95% dos profissionais concordam que competências interpessoais são muito importantes, de acordo com o levantamento. “O ser humano passou a ser o foco de diferenciação competitiva das corporações. As competências interpessoais, em que se mostra capacidade de adaptabilidade, são cada vez mais relevantes para alcançar esse objetivo nas empresas”, afirma Plihal.
Pesquisa Global da ICF sobre indústria do coaching
– Sara Smith, ICF Professional Coaches Global Board Chair, compartilhou os principais resultados da pesquisa global da ICF em parceria com a PWC sobre a indústria do coaching, com 10 mil profissionais em 140 países. Na região da América Latina e Caribe, houve 174% de aumento no número de coaches. Globalmente, 74% dos profissionais passaram a atuar à distância. No Brasil, 59% dos profissionais acreditam que ter certificação para atuar como coach é muito importante e 74% defendem a regulamentação da profissão.
O levantamento indica que o coaching está se tornando mais conhecido e quantificado. “O valor está justamente aí. Coaching é mais do que um conjunto de habilidades, hoje é uma profissão. E para onde iremos a partir daqui? Estamos nos conscientizando e caminhando claramente para nos tornarmos uma indústria”, afirma Smith.
– Ann Clancy, palestrante, pesquisadora e especialista em coaching alertou para a importância de coaches, consultores e líderes saberem que são instrumentos de mudanças, devendo criar um olhar apurado para experiências em constante transformação. “Há uma escolha: pessoas que têm suposições mais mecanicistas acreditam que não conseguimos mudar. Abracem novas perspectivas, somos seres de energia em processos contínuos de evolução, podemos mudar”, recomendou.
Parceria com a Fundação Dom Cabral
No dia 27 de novembro, segundo dia do encontro, a ICF Brasil anunciou uma parceria com a Fundação Dom Cabral, uma das maiores escolas de negócios brasileiras. O objetivo do acordo de cooperação firmado é gerar a aproximação e integração do coaching executivo e da educação executiva. Nos últimos anos a Fundação Dom Cabral tem investido no pilar de jornada da aprendizagem do indivíduo, com base na tendência identificada na sociedade de maior protagonismo de cada um no processo de desenvolvimento profissional.
“Com muito orgulho anunciamos essa inovadora parceria, com foco na prática e na ciência do coaching profissional. Escolhemos trilhar juntos o caminho da busca pela excelência. Essa novidade irá marcar um momento novo no caminhar das duas instituições”, afirmou Marcus Baptista, presidente da ICF Brasil. A parceria prevê a cooperação com coaches certificados pela ICF e a produção de conteúdos e pesquisas para promover o coaching executivo na jornada individual dos profissionais.
“Para a FDC é fundamental buscar sempre a excelência na entrega de suas soluções educacionais, a parceria com a ICF Brasil vai ao encontro desta nossa premissa, pois representa um desenvolvimento no mercado de coaching brasileiro”, pontua Adriane Rickli, gerente do Trekker Design de Carreira da Fundação Dom Cabral.
Diversidade, inclusão e saúde mental
Diversidade e inclusão, maior conexão do setor de Recursos Humanos com as estratégias das empresas, treinamento de lideranças para uma atuação mais empática, humanização do ambiente de trabalho e cuidado com a saúde mental dos colaboradores, especialmente durante a pandemia, foram as principais tendências apontadas durante o encontro para o futuro do trabalho e a gestão de pessoas.
– Marly Vidal, diretora administrativa e de RH no Grupo Sabin, empresa que está na linha de frente na pandemia de Covid-19, compartilhou as iniciativas que colaboram para que o grupo esteja entre as 10 melhores empresas para trabalhar do ranking GPTW. Entre elas estão programas de Universidade Corporativa para desenvolvimento dos colaboradores, práticas efetivas de diversidade e um programa de Gestão da Saúde Corporativa.
“Para as empresas que tinham o colaborador conectado ao propósito do negócio, foi mais fácil mantê-lo engajado, por meio de relações de confiança. Desde o início da pandemia, trabalhamos um comitê de crise e ações voltadas a transformação”, conta Vidal.
Segundo ela, a empresa seguirá trabalhando fortemente no desenvolvimento de lideranças, na presença da inovação no RH e na potencialização das capacidades dos colaboradores.
Com a pandemia e a adoção do trabalho remoto, a preocupação com a saúde mental e equilíbrio dos colaboradores tem aumentado nas empresas. A aceleração da transformação digital foi outro elemento apontado pelas companhias como importante para guiar novas ações em gestão de pessoas, em mesa redonda com representantes do Grupo BIG, Groupe PSA e LafargeHoucim.
– Para Carlos Alberto Hilário de Andrade, diretor de Recursos Humanos da Anglo American, multinacional que atua no setor de mineração, é preciso que as empresas adotem políticas e ações efetivas de diversidade e inclusão, celebrando diferentes culturas e treinando as lideranças para uma gestão aberta ao diferente. “Mais do que nunca precisamos repensar os processos que nos trouxeram até aqui. A própria crise da Covid-19 trouxe o senso de humanidade e reflexões sobre solidariedade e compaixão, uma necessidade evidente de considerar o outro”, defende.
– Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora compartilhou sua experiência à frente da organização mundialmente reconhecida, com 750 mil participantes e 700 voluntárias, que promove a capacitação feminina. “Nosso objetivo é fazer com que as mulheres conquistem autonomia econômica, para que sejam donas de suas próprias decisões. Apesar de sermos maioria da população e termos mais de 50% dos pequenos negócios, estamos sub representadas na alta liderança e em posições de poder”, diz.
– Já Marcia Noronha, do Instituto Benjamin Constant, falou sobre a importância da inclusão de pessoas com deficiência e o que é necessário para capacitá-las e adaptá-las com sucesso ao ambiente das empresas. “Precisamos pensar em como definir a deficiência de modo diferente em que não se veja o negativo e sim o que a pessoa tem de positivo e pode contribuir. Para mim, a pessoa com deficiência é apenas uma pessoa que se relaciona com o ambiente de uma forma diferente da minha”, afirma.
Inovação e criatividade no trabalho remoto
Os desafios de manter a criatividade, a inovação e a proximidade entre as equipes mesmo à distância também têm sido grandes em empresas de tecnologia reconhecidamente inovadoras. A adoção de ações de bem estar, o treinamento de lideranças, a criação de novos canais de comunicação e a adaptação de rituais para o ambiente online com o objetivo de manter a criatividade no home office foram as principais práticas adotadas pela Easynvest, pelo iFood e Quinto Andar para manter a inovação e o engajamento das equipes.
“A pandemia veio para mostrar que poderíamos fazer muito mais pela comunidade, não só pelos nossos parceiros, restaurantes e entregadores, mas pelos nossos clientes. Demos autonomia para que as lideranças tomassem as melhores decisões nesse cenário”, afirma Mariane Pieroni.
A empresa criou um fundo de apoio aos seus parceiros e novas ações de cuidado para os colaboradores, pensando também em suas famílias.
– Para Erica Janini, diretora de People da Quinto Andar, foi preciso ressignificar as relações entre as pessoas. “Quando a empresa já é digital está mais pronta para se adaptar ao trabalho 100% remoto e a pandemia provou que é possível trabalhar assim. A grande mudança é que com a distância, os encontros e a inovação passam ser mais intencionais”, explica. A empresa também criou diversas ações para treinar as lideranças e promover o bem estar e a conexão entre as equipes.
A transformação digital, acelerada pelos desafios da pandemia, também criou um aumento de demanda por talentos no setor de tecnologia. Se por um lado o trabalho remoto permite o acesso a talentos de diferentes regiões, as empresas atestam a importância da formação de talentos. “Temos que pensar em como conectar o desafio da diversidade com a formação de novos talentos” defende Camilla Suave, Head of Culture & People da Easynvest, que mantém programa de formação focado em mulheres.
– Na avaliação de Marcus Baptista, o encontro trouxe lições valiosas que podem ser aplicadas em diferentes setores para de fato promover mudanças relevantes na sociedade. “Devemos promover experiências multiculturais de aprendizado, em um esforço de contribuição para a mudança. O trabalho da ICF é justamente oferecer possibilidades de aprendizado e, como coaches profissionais, apoiar os clientes a tomarem suas vidas em suas mãos e decidirem seus caminhos”, afirma o presidente da ICF Brasil.
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