02/11/2020 ICF
Um pouco de coaching para interessados em coaching
Volta e meia alguém do meu ciclo pessoal ou profissional solicita uma indicação de curso de coaching. Venho observando que, quando isso acontece, eu e meus colegas coaches tendemos a responder indicando os cursos que fizemos ou que conhecemos. Natural. Mas recentemente me ocorreu que nosso “natural” está mais para uma postura de consultor do que de coach.
Comecei a me policiar e fui chegando à conclusão de que a melhor forma de ajudar o interessado é, antes de tudo, fazendo o que o coaching nos ensina tão bem: perguntando. Porque só as perguntas certas levarão a melhor resposta, ou seja, à escolha do melhor curso pelo próprio interessado.
A primeira e mais essencial das perguntas: qual o seu objetivo com o curso? Por que é importante? Como vai saber que atingiu seu objetivo após o curso? O objetivo vai apontar para o interessado alguns aspectos importantes da decisão: se quiser atender, certamente a pessoa vai precisar de um curso com carga horária extensa, que teoricamente assegura uma formação mais aprofundada. Neste caso, deve buscar uma escola acreditada pela International Coach Federation (ICF). Caso não seja seu objetivo atender, mas apenas conhecer o coaching ou algumas das suas ferramentas para melhorar sua atividade como líder, professor, consultor ou outra profissão, a carga horária e a acreditação podem ter um peso menor na decisão.
Aspectos práticos como valor, período e local de formação geralmente são considerados, mas não podemos deixar de olhar também para outros aspectos essenciais. Por isso, é interessante estimular o interessado a conhecer as linhas de coaching e ver a que mais se adequa ao seu perfil e objetivo. Trata-se de uma tarefa de pesquisa previa sobre os conteúdos e metodologias de cada escola.
Quando o curso é pago pela empresa onde o interessado atua, é interessante saber: de quem foi a iniciativa do curso? Qual a percepção sobre esta decisão? Qual o objetivo e a expectativa sua e do financiador? Temos nesta situação uma forte tendência a escolha de uma linha de coaching executivo ou líder coach. Se o curso for bancado pelo próprio participante, o universo de possibilidades tende a se ampliar, e aí cabem algumas perguntas complementares: o que te atrairia em um curso de coaching? Como percebe cada linha pesquisada? O que é mais importante para você nesta escolha? Por que?
Se o perfil da pessoa tiver um perfil mais ligado à razão e as sensações, certamente vai se sentir atraída por cursos de ferramentas mais racionais, cheios de apostilas para preenchimento. Agora, se o perfil da pessoa é mais ligado ao sentimento ou à intuição, é capaz de se sentir atraída por programas que forneçam ferramentas mais lúdicas e menos pragmáticas. Ou até que não usem ferramenta alguma, só a observação do corpo e perguntas. Meia dúzia de post its para anotar e organizar alguns tópicos, ou imagens coloridas são ferramentas simples e muito eficazes para estes perfis.
Intuitivamente fiz estas perguntas a mim mesma ao longo da minha trajetória. Fiz um processo de coaching para me apoiar numa transição de carreira de executiva para consultora em planejamento e desenvolvimento humano e como eu adorava o processo e minha coach, acabei fazendo um curso com ela, em 2009: o Coaching Sistêmico da LM Desenvolvimento. Fiz apenas porque queria me capacitar melhor para melhor trabalhar com consultoria e apoiar pessoas. O curso foi excelente, me apaixonei e eu resolvi que também iria atuar como coach.
Logo na sequência, em 2010, decidi fazer uma segunda formação e desta vez já sabia o que queria. Por conta dos meus clientes de consultoria fora da Bahia, precisava de uma escola que me desse um certificado de reconhecimento internacional e ferramentas de coaching executivo. Busquei a SLAC, que na época só oferecia cursos em São Paulo e tinha Arline Davis (EUA), uma coach reconhecida internacionalmente, como professora. Foi excelente.
Mais adiante, 2013, queria me aprofundar. Já estava atendendo, estava mais madura e pude fazer uma opção por identificação: o Coaching Sistêmico. Por indicação de Arline, fiz um curso com Bernt Isert e Sabine Klenk (Alemanha), na Universidade de Verão Brasil da Metafum Empresarial. E, em 2016, movida pela curiosidade de conhecer Tim Gallwey, a quem se atribui a criação do processo de coaching, fiz o The Inner Game, com o próprio Tim (EUA) e seu parceiro no Brasil, Renato Ricci. Foram duas experiências muito ricas também.
Mas o divisor de águas na minha carreira como coach profissional foi a associação ao recém criado Capítulo Regional Bahia da ICF, do qual passei a fazer parte também da diretoria. Meu primeiro curso, o Coaching Sistêmico com Leda Regis, minha coach e supervisora, foi acreditado pela ICF em 2017 e eu repeti o curso com a mentoria para me preparar para o meu credenciamento no primeiro nível (ACC) da ICF. Agora estudo e trabalho para avançar para o segundo nível (PCC).
Vejam que eu fui escolhendo minhas formações e tomando minhas decisões de forma consciente e estratégica para o atendimento do meu objetivo de ser uma coach profissional. Entendo que lidar com pessoas, mesmo no ambiente executivo e profissional, que é onde atuo, é muita responsabilidade. E só os cursos não bastam. Em paralelo, é preciso estrada, horas de prática, supervisão e mentoria, onde o aprendizado se consolida.
Se ao responder às reflexões que eu trouxe, você optar por fazer uma formação para atuar como coach profissional, saiba que esta escolha vai requer estudo e atualizações constantes. E então? Como você escuta tudo isso?
Marta Castro
Coach ICF.