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14/08/2020 Ciência & Espiritualidade

Expectativa e Visualização: Fatores de Cura e Transformação – O Poder da Expectativa

No ano de 1957, o Dr. Bruno Klopfer publicou um trabalho no Journal of Prospective Techniques (31,pg 331-340), em que relatava o caso de um cliente de nome Wright portador de um linfosarcoma avançado (câncer dos gânglios linfáticos), que apresentava poucas perspectivas de sobrevida. Todos as terapias convencionais haviam falhado, e o paciente apresentava tumorações do diâmetro de uma laranja disseminados pelo pescoço, axilas, virilhas, peito e abdômen, e o baço e fígado aumentados. Segundo todas as avaliações médicas, Wright tinha poucos dias de vida, só conseguindo respirar com auxílio de máscara de oxigênio. No entanto, apesar de saber da gravidade de sua situação, Wright tinha esperanças de sobreviver, e quando soube de um projeto experimental sobre uma nova droga anticancerígena de nome Krebiozen, que seria realizado no hospital onde estava internado, suplicou ao Dr. Klopfer que o incluísse no programa. Wright não tinha a mínima condição de ser aproveitado pelo programa, pois era um paciente terminal, e o programa previa a aplicação da droga em pacientes com expectativas de vida entre 3 a 6 meses. Por piedade, o Dr. Klopfer aplicou-lhe uma injeção de krebiozen numa sexta- feira, esperando encontrá-lo morto na segunda feira. Qual não foi sua surpresa, quando na segunda feira encontrou Wright andando pela enfermaria, batendo papo com as enfermeiras e outros pacientes, a quem transmitia mensagens de ânimo. Klopfer atônito, detectou ao exame clínico uma redução significativa das massas tumorais, que em poucos dias estavam reduzidas à metade, o que não foi evidenciado nos outros pacientes que também haviam tomado a mesma droga. Segundo Klopfer esta era uma diminuição de tamanho muito mais rápida do que mesmo as mais potentes radioterapias podiam conseguir.

O tratamento com krebiozen foi continuado conforme previsto, e dez dias depois da primeira aplicação, Wright teve alta, sem sinais evidentes do câncer, com ótima disposição, saindo do hospital direto para seu avião, voando a doze mil pés de altura (3.500m aprox.), sem o menor desconforto. Após 2 meses, ao tomar conhecimento de notícias veiculadas pela imprensa, de que o Krebiozen mostrara-se ineficaz em todos os estudos clínicos realizados, Wright que era um homem de mentalidade lógica e científica, apresentou uma séria recaída, voltando para o hospital, com as mesmas massas tumorais que apresentara no início da doença. Klopfer resolveu então, tentar um experimento: injetaria em Wright água pura, dizendo ser uma nova versão concentrada e super-refinada do Krebiozen. Mais uma vez os resultados foram surpreendentes, com Wright apresentando uma recuperação mais espetacular do que na primeira vez, e tornando-se a própria imagem da saúde. Klopfer, devido ao sucesso obtido, manteve a “terapia”com água destilada, e Wright permaneceu livre dos sinais e sintomas durante os 2 meses seguintes. Por esta época, a imprensa divulgou o relatório da Associação Médica Americana: “Testes em escala nacional demonstram que o krebiozen é inútil no tratamento do câncer”. Dias após este noticiário, Wright foi reinternado em estado terminal com reaparecimento dos tumores, sem esperanças e sem fé, morrendo dois dias depois.

Este foi um dos primeiros relatos bem documentados sobre o chamado efeito placebo, o efeito pelo qual 1/4 a 1/3 dos pacientes apresentam melhoras, por acreditarem que estão tomando uma droga eficaz, apesar de que esta não contém nenhuma substância ativa indicada para o seu caso. O efeito placebo demonstra cabalmente o poder que uma simples crença possui para ativar as forças curativas dentro de nós, estimulando o nosso sistema imunológico (o sistema de defesa).

Os estudos científicos demonstram que pessoas otimistas e autoconfiantes, apresentam menos sinais de doenças e maior bem estar físico. Os pessimistas por outro lado, evidenciam uma redução das defesas imunológicas em seu organismo. ‘Existe uma biologia da autoconfiança”; “o que se espera é o que se consegue” (conforme Ornstein e Sobel).

O pesquisador norte-americano Michael Talbot relata uma série de estudos que demonstram o efeito que nossas atitudes têm sobre diversas condições clínicas: “as pessoas que têm um índice elevado, destinado a medir hostilidade e agressividade, são sete vezes mais predispostas a morrer de problemas cardíacos do que pessoas com índices baixos. Mulheres casadas tem um sistema imunológico mais forte do que as mulheres separadas ou divorciadas, e mulheres com casamentos felizes tem sistemas imunológicos ainda mais fortes. Pessoas com AIDS que mostram espírito de luta, vivem mais do que os indivíduos infectados que têm uma atitude passiva. Pessoas com câncer também vivem mais tempo, se conservam um espírito de luta. Os pessimistas têm mais resfriados do que os otimistas. O estresse diminui a resposta imunológica; pessoas que acabaram de perder o cônjuge, têm uma incidência maior de doenças e enfermidades, e assim por diante”.

As expectativas esperançosas, não atuam somente na saúde humana, mas possuem um espectro de influências muito mais amplo. A pesquisa relatada abaixo, realizada pela equipe do professor Robert Rosenthal, demonstra claramente este fenômeno da expectativa positiva na área da Educação.

Em maio de 64, o psicólogo Robert Rosenthal iniciou uma pesquisa sobre como o poder da expectativa positiva dos professores pode influenciar os alunos. Foi escolhida uma escola pública do Sul da cidade de São Francisco, na Califórnia, em um bairro pobre, frequentada por mexicanos e porto-riquenhos. Neste meio social desfavorecido, o desempenho escolar das crianças costuma ser abaixo da média, com índices elevados de reprovação e repetência. Nem os professores, nem os alunos, sabiam os reais objetivos da pesquisa: verificar o efeito da expectativa no ser humano.

Rosenthal e seus colaboradores se apresentaram na escola, como participantes de uma grande pesquisa sobre a maturação tardia dos alunos desenvolvida pela Universidade de Harvard, e financiada pela National Science Foundation Impressionados com o porte dos pesquisadores que estavam recebendo em sua escola, os professores deram todo o apoio à pesquisa. Mal sabiam os professores que a pesquisa não visava estudar os alunos, mas sim a eles próprios.

A pesquisa iniciou-se com um teste de inteligência não-verbal realizado em 18 turmas de nível primário, no início do ano escolar. Os professores foram avisados de que o teste iria indicar quais os alunos que durante o decorrer do ano teriam um excelente desenvolvimento intelectual. Entretanto, tudo era uma farsa. O teste aplicado era somente um teste padrão de avaliação de Q.I. Depois da aplicação deste teste, 20% dos alunos foram escolhidos aleatoriamente por Rosenthal, sem nenhuma relação com os resultados, e indicados como “futuros gênios intelectuais”. Aos professores foi dito de maneira casual que estas crianças poderiam demonstrar enormes progressos escolares durante o ano. A única diferença entre o grupo de alunos “futuros gênios” e os outros, era a expectativa positiva induzida pelos pesquisadores nos professores. Para manter a expectativa e monitorar a pesquisa foram aplicados novos testes, quatro meses após o início das aulas, ao final do ano escolar, e um último no início do próximo ano letivo. Os resultados deixaram Rosenthal e seus colaboradores boquiabertos: os alunos falsamente indicados como “futuros gênios” apresentaram resultados muito mais significativos do que os outros! Vejam estes casos exemplares: José, que apresentava antes de seus professores acreditarem que era um aluno prodígio, um Q.I. de 61 pontos, apresentou um ano mais tarde, um Q.I. de 106 pontos. Em doze meses, de aluno retardado, transformou-se milagrosamente em aluno bem dotado, por puro efeito da expectativa positiva dos professores.

Maria, uma alunazinha que possuía Q.I. de 81 pontos, doze meses mais tarde alcançou a surpreendente marca de 128 pontos!

O que significa este fenômeno?

Quando a nossa visão de mundo, nossas crenças, são modificadas por expectativas positivas, otimistas, os resultados em nós e no meio ambiente, podem ser surpreendentes, podendo até mesmo beirar o sobrenatural. Utilizamos muito pouco de nossas capacidades pessoais de transformação. Dentro de nós há um imenso potencial auto-organizador de cura e de intervenção sobre o universo, geralmente inexplorado.

Francisco Di Biase
Neurocirurgião e Neurologista, Pesquisador da Consciência e da interação Mente-Cérebro.

Colaboradores

Francisco Di Biase