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01/11/2019 Vida no trabalho

Trabalhabilidade

Durante muito tempo vivemos preocupados com a nossa empregabilidade, palavra de origem inglesa – employability – que ganhou relevância na década de 90 e tem como conceito a capacidade ou possibilidade que um indivíduo tem de conseguir e se manter em um emprego. Esse termo se relaciona com a capacitação profissional e com a adequação às competências exigidas pelo mercado, denotando a necessidade de uma pessoa agrupar um conjunto de ingredientes que a torne capaz de competir com todos aqueles que disputam um emprego.

Um requisito importante para garantir a empregabilidade é que o profissional esteja sempre atento às demandas do mercado da sua área de atuação e tenha rápida capacidade de convergência, pois quanto maior for a aderência em corresponder a essas necessidades, maior será a sua empregabilidade.

Ocorre que atualmente temos testemunhado as muitas mudanças que vem ocorrendo no mercado laboral, deixando o ambiente cada vez mais turbulento pela velocidade com que surgem os novos cenários e pelas incertezas ocasionadas pelas modernidades.
Associa-se a isso a nova economia e as novas tendências e tecnologias inseridas na vida da sociedade. Não podemos esquecer de mencionar, ainda, os mais de 12 milhões de pessoas desempregadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que, nas mais otimistas previsões econômicas, não serão tão cedo reabsorvidas pelo mercado de emprego.

Com este pano de fundo, a empregabilidade vem perdendo lugar para a trabalhabilidade. A falta de perspectiva de se encontrar um emprego desloca para o indivíduo a responsabilidade pela criação de estratégias eficientes para ampliar os horizontes e não ficar apenas restrito ao mercado de emprego, e sim, considerar a sua inserção ou permanência no mercado de trabalho.

Este novo conceito versa sobre o talento, criatividade e capacidade de gerar trabalho que uma pessoa dispõe. A trabalhabilidade coloca o indivíduo para além do emprego, mostrando que esse pode ser mais que empregado e atuar, também, como consultor e empreendedor. O objetivo maior, neste caso, é gerar renda através dos próprios conhecimentos e habilidades socioemocionais e criativas.

Não é à toa que muitas pessoas desempregadas já “se encontraram” no mercado de trabalho e não pretendem mais voltar para o mercado de emprego, seja pela remuneração conquistada, pela liberdade de fazer a sua rotina ou até mesmo por ter dado vazão ao seu propósito.

Para uma maior segurança profissional, é importante manter a união e o equilíbrio entre as bases da trabalhabilidade que, por sinal, são similares às da empregabilidade:
Adequação profissional – realizar um trabalho com o qual nos identificamos nos torna mais felizes, com energia e disposição, nos deixando em estado de flow. Este pilar funciona como uma forma de retroalimentação, fortalecendo a trabalhabilidade na medida em que a ocupação corresponde a aptidões, habilidades, gostos e interesses do trabalhador.

• Competência profissional – compreende os conhecimentos e experiências adquiridos, as habilidades e o jeito de atuar (atitudes).

• Idoneidade – esta é uma questão que não tem meio termo. A honestidade e a correção com as quais o indivíduo conduz as suas atitudes dentro de princípios legais e éticos favorecem sempre as boas referências e recomendações.

• Saúde física e mental – obter continuamente o equilíbrio entre os três pilares de formação do indivíduo biopsicossocial, conciliando trabalho e obrigações com boa alimentação, qualidade do sono, atividade física, hobby, vida social e autoconhecimento.

• Reserva financeira e fontes alternativas – controlar o orçamento e planejar uma “poupança” nos dá fôlego para períodos de baixa em recebimento de receitas ou até mesmo tranquilidade para tomada de decisões mais ousadas. É preciso saber ir em busca de fontes alternativas de receita, como a realização de trabalhos esporádicos; um investimento produtivo pode ajudar ainda mais.

• Relacionamentos – cultivar bons relacionamentos e manter sempre contato com eles, pois não adianta procurá-los apenas quando se está precisando de ajuda.
Vale ressaltar que ambas, empregabilidade e trabalhabilidade, estão diretamente relacionadas com o VALOR profissional que uma pessoa consegue ter junto ao mercado.
Vamos falar mais sobre isso? Acompanhe a nossa coluna na próxima edição.

Sandra Rêgo
sandra@sandrarego.com.br

Colaboradores

Sandra Rêgo

sandra@sandrarego.com.br