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02/08/2019 Empresas Conscientes

O verão de minha vida

Acredito, observando as evidências, que a maioria das pessoas prefere o verão e a primavera, ao outono e inverno.
E a razão para isso pode ser simples de entender, principalmente em uma cidade gelada como Curitiba – em que são raros os dias realmente repletos de sol e na qual, por vezes, as quatro estações acontecem todas no mesmo dia.
O cinza tende a deixar as pessoas igualmente cinzas, menos calorosas ou abertas ao diálogo.
Por isso, quando vim para Salvador, pude observar como o calor do sol se traduz também em calor humano, um dos traços que mais gosto do povo soteropolitano e que me levou a decidir mudar para cá.
Amo a Bahia com todas as suas contradições.
Mas, em meu caso, descobri que gosto mais de uma estação em particular: aquela que estou vivendo agora!
Se a primavera pode ser comparada à infância descompromissada e o verão à fase adulta em que ainda nos sobram forças, sinto aos quarenta e oito anos a clara aproximação do outono.
Sim, sei que não sou tão velho a ponto de perceber falta de disposição para realizar qualquer tarefa (uma das marcas do inverno) e ainda me sinto em pleno vigor para perseguir meus mais ousados projetos e objetivos. Tenho muito por fazer, por escrever, lugares para conhecer e pessoas para ajudar.
Apesar disso, não posso negar que já percebo que com o tempo perdi um pouco da energia que possuía quando era mais jovem, assim como vejo o branco do inverno já assumindo grandes proporções em meus cabelos.
Então procuro entender: como lidar com este fato?
Como posso encontrar significado em meu inevitável envelhecimento, condição que é inerente a todos os seres que habitam este planeta?
E a resposta que encontrei para esta questão é: não devo sofrer com o que perdi ou ainda perderei, pois entendendo que a vida tem sido generosa, compensando cada perda com ganhos muito mais significativos.
Por exemplo: observo que com a maturidade já não preciso da mesma energia que possuía em minha adolescência, pois agora sou capaz de realizar muito mais com muito menos – com uma precisão e assertividade nas ideias e ações que antes não possuía.
Além disso, estou mais calmo e esta nova postura beneficia quem precisa conviver comigo, pois compreendo que excesso de energia também pode significar falta de foco.
Vejo ainda que atualmente consigo ajudar outras pessoas com orientações em minhas palestras, livros e processo de coaching, coisas que só posso oferecer por ter acumulado experiência como um subproduto de uma vida muito bem vivida, na qual aprendi valiosas lições com meus inúmeros erros.
E, o melhor de tudo, hoje realmente vivencio o meu IKIGAI e sei claramente o porquê acordo todos os dias de manhã. Envelhecer me trouxe a aguda consciência que tenho uma missão que quero realizar e que, se me descuidar, posso deixar de alcançar as proporções que sonhei para ela.
O valor de minha hora trabalhada também foi multiplicado muitas vezes quando comparado aos meus primeiros empregos – uma prova de que o mercado paga por know-how e não por trabalho. E, é claro, know-how só vem com o tempo!
Se tivesse que traduzir todas estas lições em uma única palavra, eu chamaria de: SABEDORIA.
Sabedoria não é fruto do tempo, mas da forma como transformamos nosso tempo em atitudes mais saudáveis e equilibradas.
Nem toda pessoa que envelhece se torna mais sábia. Tem gente que apenas se torna mais teimosa mesmo.
Por isso, no lugar de tentar acreditar que exista a tal “melhor estação da vida”, prefiro entender que terei sabedoria para desfrutar o melhor do que cada uma pode me proporcionar.
E, assim sendo, todos os dias agradeço, pois a vida não é uma jornada na qual buscamos conquistar coisas, mas principalmente um caminho no qual devemos aprender a apreciar experiências. E isso, sem dúvida, eu tenho feito em minha vida.

Colaboradores

Eduardo Almeida

edu@cgrp.com.br