12/10/2018 Construções Sustentáveis
O tempo e a sustentabilidade da construção
Tic, tac, tic, tac…a cada segundo, a quantidade de seres humanos aumenta, gerando demandas de recursos naturais para suprir suas carências, das quais se destaca a habitação que, por ser um problema que integra em simultâneo as questões sociais, ambientais e econômicas, é alvo de preocupação de entidades públicas e de empresas de construção. A indústria da construção civil gera grande impacto sobre o planeta, através do emprego de matérias-primas não renováveis, emissões de gases poluentes para a atmosfera, consumo de água doce e produção de resíduos sólidos. O consumo de energia pelos sistemas de climatização é um dos resultados diretos das decisões tomadas durante a fase de concepção da edificação.
Tic, tac, tic, tac… o tempo passa e urge a necessidade de mudanças na construção civil. São necessárias estratégias que incluam materiais de construção provenientes de fontes renováveis e que dispensem o consumo de água doce, além de possuírem uma cadeia produtiva caracterizada por baixas emissões de gases poluentes. A escolha por materiais com ciclo de vida prolongado, com possibilidade de reutilização, reciclagem ou reúso também são fatores determinantes que deverão ser considerados.
É também necessário incorporar as filosofias de Construção Enxuta e Produção Mais Limpa. A Construção Enxuta é a produção estritamente necessária em um ritmo imposto pela demanda, com a menor quantidade de recursos possíveis, sem gerar desperdícios (mão-de-obra, materiais ou tempo), atribuindo relevância ao planejamento. A Produção Mais Limpa é a melhoria contínua de processos e de produtos de forma a aumentar sua eficiência, priorizando a não geração de resíduos ao invés da sua reciclagem ou minimização.
Tic, tac, tic, tac… há algum tempo que o ser humano encontrou uma opção válida para este problema: a madeira. É um dos materiais de construção mais antigos, sendo prova disso os templos budistas dos séculos VII e VIII no Japão e na China… não é por acaso. Considerando sua resistência à corrosão atmosférica, durabilidade natural de cada espécie e os tratamentos preservativos disponíveis, é possível ter construções duráveis.
Este material apresenta excelente relação peso próprio/resistência mecânica. Sua condução de calor é baixa e, atendendo ao fato do carvão possuir bom isolamento térmico, faz com que a madeira tenha excelente desempenho estrutural em situação de incêndio, conservando suas propriedades mecânicas durante mais tempo. Além disso, é fácil encontrar madeira e, no caso de espécies de reflorestamento, pode ser considerada uma matéria-prima renovável, reduzindo a pressão sobre as matas nativas. A madeira pode ser facilmente trabalhada e sua composição química é resultado da absorção do carbono proveniente da atmosfera. Por outro lado, sua cadeia produtiva apresenta baixas emissões para a atmosfera.
Geralmente, o grau de industrialização das construções com madeira é mais elevado, possibilitando canteiros de obras com área reduzida, conferindo rapidez de execução em obras com padrões repetitivos. Estas construções dispensam a necessidade de água, sendo os resíduos gerados passíveis de destinação para outras finalidades (por ex: palletes; painéis de madeira de OSB e MDF). Edificações de madeira podem ser desmontadas e reerguidas em locais diferentes, sendo possível encontrar empresas deste ramo nas regiões sul e sudeste do Brasil.
Tic, tac, tic, tac… o tempo está se esgotando e são necessárias mudanças. Já existe conhecimento devidamente consolidado que permite afirmar que a madeira é uma opção válida como material de construção para revestimentos, paredes, ornamentos e estruturas de edificações. Diversos países do hemisfério norte consideram a madeira como o material de construção do futuro. No Brasil, é fundamental investir na formação de engenheiros e arquitetos, autoridades públicas, fornecedores e produtores de madeira e, além disso, na educação das pessoas… para que o tic, tac, tic, tac nunca acabe.
Colaboradores
João Dias
jhonny_days@hotmail.com