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02/11/2020 Minha Estimuladamente

Quem sou antes de 1977? Conheçam minha busca

Quem sou antes de 1977? O que vem antes de 1977?
Uma autobiografia que ainda segue um norte.
Missão possível: encontrar meu pais.
Há mais de 40 anos, querendo sentir vossos abraços sobre meu corpo.
Você me conhece de verdade? Sabe alguma coisa de mim?

FUI ABANDONADO PELOS MEUS PAIS? TAMBÉM NÃO SEI!

Até a data de hoje, continuo ainda sem informações fidedignas sobre meus pais biológicos e demais parentes consanguíneos, sem saber meu nome e sobrenome, sem informações sobre como fui encontrado. E a pergunta que fica é: QUEM ME LEVOU PARA O ORFANATO? Criado em orfanatos, dos meus 3 aos 21 anos de idade, no período de 1977 a 1995, onde de acordo com que eu ia crescendo, fui transferido para três orfanatos. O primeiro que cheguei foi na cidade do Rio de Janeiro-RJ, depois para Caxambu-MG, em seguida fui transferido para Viçosa-MG e minha última estadia foi na Escola Agrotécnica em Rio Pomba-MG, a qual não era um orfanato propriamente dito, mas tinha um formato bem parecido com um e estava vinculada à Fundação Nacional do Bem Estar do Menor. Nessa última me formei em Técnico em Agropecuário, no final de 1995. Hoje, com mais de 40 anos, ainda sem pai, mãe, irmãos, tios, avós, sem saber a data do meu nascimento, nem mesmo meu nome e sobrenome; sem informações por quem eu “fui encontrado” e como fui parar nesses orfanatos. Em 1977, a equipe da instituição deduziu que eu tinha uns 3 anos idade, portanto no meu RG tem a data de nascimento 17/12/74. QUAL A É A MINHA VERDADEIRA DATA DE NASCIMENTO? QUAL É MEU SIGNO, VERDADEIRO NOME? ENFIM, Para completar, na minha certidão de nascimento que ganhei na década de 80 e na minha carteira de identidade carrego o nome de uma mãe que também é fictício, Marlene Moreira, igual ao meu próprio, Carlos Moreira. Mussum é um apelido que herdei desses orfanatos. Muitos tem um conceito errôneo de internato, e acham que na FUNABEM viviam somente “marginaizinhos” com suas periculosidades. Sabemos que existem instituições assim, espalhados nas grandes capitais e grandes cidades do BRASIL. Essas onde passei, internavam crianças e adolescentes sem seus pais como eu, tidos como abandonadas. E havia os semi-internatos, para aqueles que moravam na cidade, porém tinha suas vidas dentro na escola até o fim da tarde e depois iam embora para suas casas. Não me envergonho de falar que morei em vários desses orfanatos por muito tempo, apesar de muitos criarem um estereótipo para quem viveu nesses lugares. Foi uma disciplina diferente do que você conhece e possa imaginar, onde tudo era coletivo e sistematizado na forma de se educar centenas de crianças e jovens, muitos iguais a mim, sem ter para onde ir. Não tínhamos uma vida ociosa, era trabalho para cá e para lá. Tínhamos que obedecer a todos tipos de ordens! Lazer? Futebol, televisão, algumas atrações para nos animar e nos confortar. Refeição? Não podia reclamar, pois eles faziam o seu melhor. De 1 a 10, nota 6. Ainda assim, a minha gratidão pelo pão de cada dia na mesa.

Se passei por algumas hostilidades por parte dos que tomavam conta de nós?

Não vou mentir, a reposta é sim. Na época, via os orfanatos como um lugar complexo e duro, pois alguns inspetores, como eram chamados aqueles que tinham a incumbência de tomar conta de nós, nos direcionavam para dezenas de atividades que continham nessas escolas. Não eram todos, claro, mas havia aqueles que descontavam na gente suas frustrações, nos castigando do nada, nos impedindo de fazer atividades prazerosas como assistir TV, jogar bola, soltar pipa, brincar de piques… Ficávamos em pé em filas indianas com a distância de braço por horas e quem se mexesse, o de trás podia dar um tapa na orelha, com o consentimento do inspetor. Alguns “SEUS” nos humilhavam verbalmente e até fisicamente ao nos bater. Quero dizer também que muitos eram castigos por algo que eles consideravam errado. As agressões eram muito comuns nesses locais. Como qualquer lugar que tem muitas crianças e adolescentes, víamos muito bullying, que dependendo repercuti para o resto da vida. Brigas e covardias quando os inspetores não estavam por perto ou até com o consentimento deles que algumas vezes deixavam os brigões se pegarem por um tempinho. Na época, algumas eram até engraçadas, mas ficam cravadas na gente, com certos rompantes de raiva interna. Na minha imagem mental, recordo cada momento que não desejo a ninguém, principalmente quando você não tem seus pais e via os pais de alguns internos (que moravam longe) ou do semi-internato fazendo uma visita na escola, onde ficava a pergunta na minha cabeça: e os meus? Bom, não vou falar muito, vá no meu instagram, lá terá mais informações e fotos. Lembrando que isto aqui não é uma denúncia contra o passado. Sabendo que o Estatuto da Criança e do Adolescente nascera um pouco tarde (em 1990) com direitos adquirido ao nascer. Uma época em que as coisas eram bem diferentes para nós que éramos tutelados pelo governo federal. Também é compreensível, considerando o contexto da década de 70. Mas ao contrário de alguns inspetores, tinham os que eram ‘gente boa’, mais empáticos, brincavam, contavam piadas, liberando para um momento de lazer do qual o inspetor do plantão anterior nos havia negado e compreensivos quando vacilávamos “sem querer” nos dando mais uma chance. Isso é a escola da vida, não é verdade? Aprendi muito nesses lugares tão diferente que muitos não conseguem nem imaginar o que é passar anos e mais anos sem saber do que seria de você quando saísse, apesar de almejarmos essa saída naquele instante.

A SAÍDA PARA LIBERDADE: DE QUÊ E DE QUEM?

E como parei na cidade de São João Del Rei? No final de 95 em Rio Pomba, ao término das solenidades de nossa formatura, um grande amigo que conhecera dentro desses orfanatos através da arte da dança, me fizera um convite para morar com ele e sua tia Catarina em um bairro simples (Rua do Ouro), numa pequena e acolhedora casa. Na época, eu não fui de imediato, pois passei aproximadamente um mês na casa de outro amigo, na cidade de Ubá-MG, aguardando um documento que estava pendente na Escola Agrotécnica de Rio Pomba. Estava digerindo o que viria depois. Cabeça voada, sem trabalho, sem perspectivas para o que ia acontecer, ou fazer a partir dali, já que agora livre. De quê? Os questionamentos eram tantos que eu ficava parado, sem a iniciativa de um jovem da minha idade. Só me perguntando, e agora? Hoje, sou grato pelos irmãos Josimar, Luciano e sua mãe Delza, Dona Rita, seu filho Robert e seus irmãos em que eu me dividia, passando tempo e dormindo nessas casas e que me ajudaram até então. Estava reconhecendo o que é ser “livre” nessa cidade. Porém, tinha algo a fazer em São João Del Rei-MG, pois já visitara alguns anos antes e estava enamorando alguma coisa aqui. Anderson, conhecido como “Negão Del Rei”, o qual considero até hoje como grande irmão, que foi um dos meus parceiros de dança no internato de Viçosa-MG, onde fizemos uma bela dupla pela arte da dança e montamos algumas coreografias bem bacanas que deram alguns títulos para a FUNABEM em concursos de danças, em bailes da cidade e apresentações dentro da escolas. Ele e sua tia Catarina – minha também – me receberam de braços abertos nessa linda cidade, no início de 1996, depois de uma afetuosa troca de cartas. Gratidão é a palavra que tenho por essa família.

O DOSSIÊ QUE SALVOU MINHA VIDA.

Apesar de ter conhecimento na área de técnico agropecuário, antes de vir para SJDR-MG, acreditava que não era isso que iria seguir, portanto fui me arranjando com trabalhos formais e informais que surgiram, como lavar garrafa para artesanato, roçar e capinar terrenos/hortas, fui ajudante de padeiro e entregador de pães, estoquista de fábrica de quadros, servente de pedreiro, metalúrgico e vendedor de calçados. Mas foi no período de 1999 a 2000 que descobri quem eu realmente sou até o momento. Eu trabalhava em uma obra como servente de pedreiro, fui ficando mais próximo do proprietário da obra, que também era um carioca. Em mais um dia de trabalho, conversa fluindo enquanto fazíamos o intervalo do café, contei a ele a minha condição de abandono e como fui parar em São João del Rei. Ele me ouvira atentamente, pensativo com seu jeito bem filósofo… De repente, ele me fez uma pergunta enquanto peneirava areia para mais uma masseira: “posso tentar encontrar seus pais? Eu tenho um amigo conhecido, um advogado do Rio que pode olhar isso para mim. Só me passa o que tem de informação guardado contigo, tipo nomes, telefones, documentos, enfim, coisas para que ele possa começar a busca”. Passei alguns telefones e pouquíssimas informações, até porque eu mesmo não sabia de nada sobre essa questão. Ele enviou isso para essa pessoa e aguardamos por um mais ou menos um mês. Fiquei na expectativa do que viria de lá. Será que chegara a hora de conhecer ‘os meus de sangue’? Foram dias de espera, bem pensativos. Como seria? A expectativa. Quando chegara algo, foi somente um dossiê dentro de um envelope pardo com remetente Biblioteca Nacional localizada na cidade do Rio de Janeiro. Documento que até então eu não tinha conhecimento. Dentro de um envelope pardo continha alguma coisa e que me matara a curiosidade, já que não chegara ninguém dizendo que “finalmente te encontrei meu filho”. Ao me entregar o dossiê, depois de mais um dia de trabalho árduo, ele perguntara se queria abrir ali, ou quando chegasse na minha casa. Depois de um banho, sentei-me no meu aconchegante e minúsculo quarto, onde meu irmão Anderson não se encontrava e a tia se preparava para fazer a janta. Rasguei o envelope, e corri os olhos nos documentos, foi quando descobri que o meu nome era fictício, também da minha mãe e que minha data de aniversário fora dada por um juiz, nem mesmo um nome de um hospital de nascimento. Quando li, fiquei paralisado por um tempo considerável, depois senti o sal em minha boca das lágrimas que descera sem eu perceber. Essas informações me impactaram, e ainda mexem comigo, pois não contavam como foi que parei nesse meu 1° orfanato. Com uma respiração profunda lembro-me como se fosse hoje, dizendo para mim mesmo, que a partir daquele momento, nada iria me derrubar. Então, aqui estou de pé como um bambuzal, me inclino baixando a cabeça às vezes por reconhecer o quanto sou vulnerável como qualquer ser humano, porém forte e flexível o suficiente durante as tempestades da vida, que ao passar, volto ao meu estado natural, depois que elas se vão.

FASE DE EXPANSÃO DE CONSCIÊNCIA.

Em 2000, já havia saído de minha antiga religião (Católica), passei a conhecer algumas questões mais espiritualistas, sem dogmas e rituais, mas a massoterapia me ajudou muito, pois tive que ser autodidata nos quesitos massagens e afins, nisso me surgiram várias leituras na linha da auto ajuda, audiolivros, palestras presenciais e virtuais, meditações, relaxamentos, conhecimentos nas técnicas de PNL, constelações familiares, do poder da mente, do subconsciente, técnicas de vibrações positivas e atitudes e afirmações fortalecedoras, Física Quântica, boas amizades e claro, algumas terapias psicológicas, entre outras coisas que o universo oferece. Recorro a esses conhecimentos para superar alguns resquícios de uma infância complexa que volta e meia me chegam numa “crise existencial e de identidade”, com perguntas sem repostas. Reconheço que tenho muitos traumas a ser retirados e retificados para uma cura completa, mas tudo bem! Estou muito satisfeito, pois esses materiais me dão repostas suficientes para quebrar alguns paradigmas e crenças negativos. Me aceitar, me amar e fazer tudo com muita paixão. E por isso, tenho eterna gratidão por meus pais biológicos, mesmo sem conhecê-los, por terem me dado a dádiva chamada VIDA. Aqui estou fazendo o meu melhor, trabalhando minha saúde mental, física, emocional e espiritual, com uma voz interna que me parece ser de minha mãe (com papai ao lado) que diz:
VÁ MEU FILHO, VOCÊ PODE NÃO SER “O MELHOR” SER HUMANO DO MUNDO, MAS CONTINUE FAZENDO TUDO COM DEDICAÇÃO E RESPEITO, QUE SEMPRE ESTAREI POR PERTO.

Conto essa história, não para que tenham dó ou pena de mim, até porque, sei que esse é o pior sentimento que podemos ter por alguém, ou por nós mesmos. Além de não ajudar, afunda ainda mais o “tal coitadinho”. Acredito que ninguém é culpado por isso. Hoje acolho essa história com esse olhar diferente, pois no fundo, por tudo que passei, não tão foi ruim assim. Um pano de fundo não foi muito bonito, é isso que tive que passar, e com orgulho irei honrar alguns aprendizados que obtive dentro das escolas da vida onde passei. E saber disso, me fortalece!

Quando percebi com a consciência real, me fortaleci, sem “mimimi”, onde me surgiram muitas coisas boas, e uma delas é minha família de coração e alma – ANDERSON e sua tia CATARINA, que me receberam de braços abertos aqui em São João Del Rei no ano de 1996 e claro, outras famílias DESSAS CIDADES MARAVILHOSAS. As famílias que eu encontrei pelo caminho, em Viçosa-MG, Rio Pomba-MG, Ubá- MG, Belo Horizonte e muitos que passaram por mim e se prontificaram em dizer que eu tinha mais um próximo (denominavam irmão, mãe, pai, amigos/as) ao ouvir minha história. Posso sentir a cada dia!

Ganhei também Sabrina, minha esposa, companheira há mais de 10 anos, guerreira, mestre na sua profissão de psicóloga e nosso filho Rhuan Eshe, que são um achado e tanto. Para meu filho, farei de tudo para lhe apresentar muitas coisas que aprendi e, provar que viver pode ser simples e fácil, mesmo com falhas e contornos difíceis que a vida nos apresenta.

Com a força interna, a calma na mente, a coragem no coração, o respeito por todos e de todos, as alegrias como companheiras e harmonia nas atitudes, riqueza na serenidade, dedicação na profissão. Para buscar o norte de tudo que nos faz por merecer o que é bom, tudo que representa a prosperidade. E tem dado certo! E foi para isso que viemos parar aqui, não é mesmo?

Prazer, meu nome é Carlos “Mussum” Moreira.

O RESILENTE (A busca 2020)

TENHO PARATICADO CONTAR minha história nas redes sociais com intuito de o universo me aproximar dos meus de sangue.
2020, está sendo um ano de mudanças para todos nós, apesar de muitas notícias ruins. Um ano reflexivo para todos nós, passarmos a valorizar todos os tipos de saúde. Vi em 2020, que seria o momento de postar e falar um pouco de mim sem medo, coisa que havia procrastinado, independente do que vou encontrar no resultado final dessa busca, mas vai valer pena e me proporcionará muito aprendizado.
Valerá o esforço para saber de onde eu vim.

SERÁ UMA BUSCA FANTÁSTICA! ACREDITO QUE ME DARÁ mais um despertar para a vida. Você que leu isto até aqui, peço que mesmo que não compartilhe as histórias que lerá/ouvirá/fotos vídeos no meu instagram, peço que suas vibrações possam ser direcionadas por um segundo para que possamos obter êxito nessa busca, mesmo que eu não consiga sentir o abraço dos meus sobre meu corpo. Mas, é muito importante para mim.

Carlos “Mussum” Moreira
moreiracarlos7@gmail.com
Insta: @cmm7_motivacao

Colaboradores

Carlos Moreira

moreiracarlos7@gmail.com