Publicidade
02/08/2019 Minha Estimuladamente

Quilling: uma ferramenta de renascimento

No dia 26 de fevereiro de 2016, a ficha caiu acerca da efemeridade da vida. Percebi que não era totalmente senhora do meu destino e que embora seja possível segurar as rédeas da própria vida, nem sempre é possível controlá-la de forma absoluta. Nesse dia, eu pude experimentar o momento mais doloroso e difícil da minha existência. Um sofrimento capaz de tirar meu chão, desconstruindo-me.
Nesse momento eu cheguei a pensar que não conseguiria me reerguer. Todavia, depois de um mês do ocorrido, eu pari a mim mesma por meio do quilling: técnica que utiliza tirinhas coloridas de papel para formar imagens. No inicio, eu passava horas enrolando as tirinhas a fim de passar o tempo e focar em algo que me desse prazer. Depois de um tempo enrolando tirinhas de papel sem eira e nem beira, usando papéis escuros e desmaiados, eu acabei confeccionando uma imagem bem colorida que não sei bem se foi um balão ou buquê de flores, mas que acabou despertando a arte que vivia adormecida dentro de mim.
Foi exatamente nesse momento que comecei a olhar a vida com outros olhos. Comecei a observar meu caminho com alegria, percebendo aos poucos as possibilidades que a vida é capaz de nos ofertar.
O quilling foi, inicialmente, uma ferramenta de superação, que no caminhar me trouxe a possibilidade de reunir os amigos e familiares por meio de um bazar que me encheu de vida, porque me trouxe pessoas, uma vez que houve uma reunião com um grupo da família que apresentou as suas habilidades através de diversos tipos de artesanato.
Meus amigos sempre me apontam a minha “pegada” artística. Outro dia, uma amiga recordou uma das minhas confecções de capas de caderno (na época da escola), dos calendários e da elaboração de presentes personalizados. Com as demandas da vida, eu fui deixando meu lado criativo um pouco de lado e o quilling reacendeu a chama da minha criatividade e do meu interesse pela arte.
Em março de 2018, fui convidada para participar de um evento em um espaço cultural soteropolitano, realizando uma exposição sobre 12 orixás em quilling, com o tema: Divindades da natureza.
Em novembro de 2018, realizei junto com um grupo de amigos, os quais investem em artesanato de maneira mais profissional, um bazar para convidados, cujo tema foi Nordeste e Proteção. Mais uma vez foi enriquecedor para mim, pois além de trabalhar com essa técnica tão delicada, ainda sou instigada a realizar pesquisas enriquecedoras.
O quilling possibilitou que a arte adentrasse novamente na minha vida, sendo uma ferramenta poderosa de superação e reconexão comigo mesma. É uma bússola que me leva ao meu reencontro e que vem ganhando um contorno profissional de uma forma leve, calma e genuína.
É uma delícia deixar a criatividade fluir como as águas de um rio e, assim, vou criando os quadros, móbiles, decoração de velas e o que palpitar a imaginação, salientando que os orixás são considerados o carro chefe dessa viagem fantástica pelas estradas da arte.
Dessa forma, fui me reconhecendo e percebendo que a nossa essência não se resume a nossa formação profissional. Passei pela graduação de Publicidade e Direito, mas é a ARTE que me possibilita me olhar no espelho e me enxergar de forma inteira e verdadeira.
Logo, sou Ana Tereza, uma eterna aprendiz apaixonada pela vida!

Colaboradores

Ana Tereza Motta