12/10/2018 Terceiro Setor
Organização global premia escola comunitária no bairro do Uruguai com o título de Escola Transformadora
Você sabia que Salvador abriga a única escola comunitária considerada transformadora no mundo? Na nossa seção sobre terceiro setor vamos apresentar o trabalho da Escola Comunitária e transformadora Luiza Mahin, que fica no bairro do Uruguai e nasceu da iniciativa da Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia. Nossas entrevistadas para a matéria foram Luciene do Nascimento Trindade, Valmira Ribeiro e Jandayra Neuza Bonfim, são todas coordenadoras na escola. Você que acha que transformadora é só um adjetivo? Fique por dentro e entenda melhor com essa matéria!
Primeira pergunta, todo mundo sabe o que é uma escola comunitária?
Nossas entrevistadas dão uma aula sobre o tema. Segundo elas, no final da década de 70 três situações contribuíram para o surgimento das escolas comunitárias, sendo elas: “a carência das escolas públicas. Para as crianças que viviam nos bairros mais populares, a quantidade de vagas era insuficiente, além de não ter nenhum tipo de segurança quanto à vida escolar social e pedagógica do aluno. Por estes motivos, em algumas associações de bairro surge a ideia de fazer uma “escolinha de associação”, mantida por ela e gratuita. Esta foi a primeira situação que levou à organização de escolas comunitárias nos bairros populares. Mais tarde, passou, então, a ser reconhecida como “escola comunitária.”
Não foi diferente com a Escola Comunitária Luiza Mahin, pois ela surgiu da ideia de moradores, que, reunidos numa associação, decidiram direcionar o seu trabalho para a Saúde e Educação, fundando-a em 09 de março de 1990 com o objetivo de atender crianças de 0 a 06 anos, filhos de trabalhadores que não eram contemplados pelo ensino público da comunidade. A atividade da escola começou a ser desenvolvida num espaço ocupado pelos moradores onde, anteriormente, funcionava a AMESA – Alagados e Melhoramentos S.A., com finalidade de promover a elaboração do plano de melhoramento dos alagados – o que a tornava inadequada e sem mobiliário necessário. Alunos e educadores sentavam-se no chão, escreviam em jornal e em papel contínuo usados, que eram doados pelos próprios moradores.
Ao longo da história a escola cresceu, realizou parcerias, ampliou-se, mas ainda há muito por fazer. Atualmente, a escola funciona nos turnos matutino e vespertino, atendendo 300 alunos no ano letivo de 2018, nos segmentos da creche ao 2o anos do ensino fundamental e é mantida pela Associação de Moradores que facilita a parceria com diversas instituições, dentro dessas parcerias tem-se: parceria com a José Silveira na área de saúde e com diversas organizações para formação social.
A Escola Comunitária Luiza Mahin, traz um recorte diferenciado no município de Salvador que abriga a maior população negra do Brasil. A metodologia da escola valoriza a cultura afro-brasileira e a ancestralidade. Dessa forma, a escola consegue desenvolver em cada criança o sentimento de pertencimento ao território, garantir o desejo de não querer habitar outro local e, assim, transformar o local em que ela está naquele local que foi construído por seus avós.
Alguém sabe quem foi Luiza Mahin? Ela foi uma escrava que, na época da escravidão, vendia quitutes para comprar a liberdade dos escravos. A escola realiza esse resgate de referência às heroínas e heróis negros e negras que não conhecemos.
Mas, por que a palavra transformadora é tão central para essa escola?
Existe no mundo o programa Escolas Transformadora que é uma iniciativa da Ashoka, organização global que reúne várias experiências de diversos lugares do mundo. Essa organização, segundo seu site, “acredita que todos podem ser transformadores da sociedade. Assim, a escola é vista como espaço capaz de formar sujeitos com senso de responsabilidade pelo mundo”. Para quem não sabe a iniciativa teve início nos EUA, em 2009, e hoje se encontra em 34 países. A rede global conta com 280 escolas, sendo 21 brasileiras e duas baianas. A Escola Rural Dendê da Serra, fica em Uruçuca e a Escola Comunitária Luiza Mahin.
Nas palavras das entrevistadas o papel da escola transformadora Luiza Mahin “é ser uma escola diferente, mais adequada às necessidades e à valorização da cultura das camadas populares, em especial, da comunidade do bairro Uruguai. Fazer parte da rede de Escolas transformadoras nos proporciona e amplia os nossos objetivos que é buscar dialeticamente a função de uma agência educacional formadora de cidadãos produtores de conhecimento que, certamente, exercerão um papel fundamental na sociedade futura.” Todas acreditam que “não existe local transformado se as pessoas não estiverem transformadas.”
Numa escola comunitária a gestão também possui uma perspectiva diferenciada, nossas entrevistadas apontam que o princípio praticado é o da gestão compartilhada em que todos os agentes são partes importantes na tomada de decisões.
Alguns dos desafios para 2018, as entrevistadas apontam: a sustentabilidade econômica da nossa instituição; a integração da Proposta da Escola com a realidade da comunidade; estimular a formação permanente dos professores.
Quer fazer parte? Ajudar ou contribuir com essa história incrível de educação?
A escola recebe voluntários das mais diversas áreas e de vários países. A contribuição pode ser nas oficinas, palestras e seminários promovidos pela organização, mas também com melhorias na estrutura física, ou contribuição financeira para compra de alimentação, material didático, etc.
Escola Comunitária Luiza Mahin
End.: Conjunto Santa Luzia, Q 05, Nº. 18 – Uruguai, Salvador – BA
CNPJ: 32.700.502/0001-11
71 3314-2148 | luizamahin@gmail.com
http://luizamahin.sites.uol.com.br
Utilidade Pública Federal Decreto Nº 50.517/61
Utilidade Pública Municipal Nº. 6.535/2004
C.N.S.S – Nº. 2301300468/92-61