12/10/2018 Curiosamente
Neurociência: Uma celebração à curiosidade
Curiosamente, sempre que penso no cérebro humano sou tomado por uma série de questões. Por exemplo: neste momento, estou intrigado, refletindo sobre como um órgão que “muda” tão pouco de aspecto ao longo do tempo pode se transformar quase que totalmente com o passar das décadas e assumir, em função de nossas vivências, uma identidade que favorece a alegria ou o estresse.
Caso você esteja lendo com atenção, deve ter percebido a aparente contradição destas primeiras linhas e começado a duvidar deste texto, questionando como é possível dizer que algo que muda pouco se transforma totalmente. Pois bem, você sabia que o seu cérebro, quando você era criança, tinha uma quantidade muito maior de ligações entre os neurônios do que tem hoje? Saber disso é fascinante, mas, vamos admitir, também é um pouco estranho, pois significa dizer que desde nosso nascimento até a fase adulta nosso cérebro mais que dobra de tamanho, mas o número de conexões era maior quando ele era menor! Então, por que existe uma diferença tão grande entre o pensamento infantil e o pensamento adulto?
Por hora, posso adiantar que a mielinização e a poda sináptica estão envolvidas na explicação que, a partir do conceito de plasticidade cerebral, desfaz a contradição, mas, sem dúvida, a coisa mais importante é saber que o nosso cérebro não nasce pronto e acabado, como sugere o senso comum. Ele vai se desenvolvendo ao longo dos anos e aprendendo a ser o que é a partir de algo que podemos, neste momento, chamar de identidade cerebral.
Você já ouviu falar neste tipo de identidade antes? Ela é fundamental para entendermos quem somos e mudar hábitos e comportamentos, pois nos possibilita, de certa forma, “reprogramar” nosso cérebro. Dentre outras maneiras, isto se dá através do manejo das emoções.
Caso você não saiba, tudo que sentimos quando experimentamos uma emoção está diretamente ligado à proporção de certas substâncias químicas que circulam em nosso cérebro. Por conta desse delicado equilíbrio, não dá para melhorar o humor apenas olhando para o espelho e dizendo: “Cérebro, fique bem!”. Ele não sabe o que significa “bem-estar”, mas sabe o que é serotonina, comumente apelidada de neurotransmissor da felicidade. Então, se você quer se sentir bem, o mais correto seria ter pensamentos e vivências que disparassem a produção de serotonina em sua cabeça. A questão da identidade aqui é a seguinte: quanto mais contato você tiver com este neurotransmissor, mais sensível o cérebro tende a ficar à substância e mais fácil será sentir bem-estar. Com as técnicas certas, é possível ensinar nosso cérebro a ser como gostaríamos que ele fosse, usando o “idioma” que ele entende!
Sei que fiz diversas provocações e deixei algumas perguntas sem respostas, mas o meu objetivo com este texto é convidá-lo para estabelecermos um diálogo a partir desta coluna que, bimestralmente, vai trazer informações relacionadas às Neurociências que podem ajudá-lo em sua vida profissional, assim como em sua vida pessoal.
Espero ter aguçado sua curiosa-mente para nosso próximo contato! Até breve!