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12/10/2018 Relações Comunitárias

Fórum de Entidades Comunitárias possibilita transformações sociais

caminhos e possibilidades de repensarmos as relações que queremos enquanto indivíduo-grupo e enquanto comunidade-sociedade. (ROCHA, 2018)[1]

Olá caros leitores da EstimuladaMente, bom estarmos juntos de novo! Nesta edição convido-os a conhecer um destes caminhos e possibilidades de, em conjunto com nossos pares e unidos pela relação e senso de comunidade, fazermos a diferença através de ações e ferramentas sociocomunitárias. Vamos lá?

Sabemos que no mundo em que vivemos cada vez mais as relações vêm sendo vistas a partir do prisma da competição, individualismo e individualidade, valores materiais, alienação do consumo, sobreposição do mais forte sobre o mais fraco, superposição do mais rico sobre o mais pobre etc.

Angustiante eu sei, mas nem tudo está perdido, pois por outro lado também temos visto relações de solidariedade, de sustentabilidade social, comunitárias, de união cooperativa, de associação entre os grupos. Esqueçamos, portanto, a parte negativa e foquemos nestes processos de ver o mundo e pensar as possibilidades partindo do princípio da cooperação, solidariedade, união, associação.

É exatamente deste espaço que buscaremos compreender o tema deste nosso bate papo: Fórum de Entidades Comunitárias – FEC – ou fórum de Entidades Sociais Comunitárias – FESC.

É primaz começarmos relembrando que a relação comunitária se dá na relação indivíduo-grupo e comunidade-sociedade[2]. Na perspectiva de comunidade-sociedade podemos presenciar as lutas e ações empreendidas entre os diferentes grupos formados pelos diversos sujeitos que, enquanto “corpo” de ação, se unem para buscar melhorias, alternativas, ferramentas, parceiros, que possibilitem mudanças quanto às dificuldades enfrentadas cotidianamente pela comunidade.

A estes grupos, unidos com a finalidade de buscar melhorias para o coletivo, damos o nome de Entidades Comunitárias (associações, cooperativas, comunidades de classe, centros comunitários etc).

Uma vez que estes grupos entendem que unidos entre si eles têm mais forças para buscar melhorias para sua comunidade, modificando as tristes realidades e mudando o contexto de forma significativa, trazendo o bem viver para os membros da comunidade, eles podem e devem formar o Fórum de Entidades Comunitárias – FEC – ou Fórum de Entidades Sociais Comunitárias – FESC.

E por quê? Simples, porque o FEC/FESC consiste no espaço em que as entidades da comunidade se unem para buscar soluções para os problemas locais, seja de cunho público, seja de alternativas sustentáveis, seja de parcerias e apoios privados.

A finalidade ao buscar os setores e órgãos do poder público, tanto na esfera municipal, estadual quanta na federal, é fazer valer seus direitos constitucionais, isto é, garantir que direitos de acesso a serviços básicos de obrigação dos governos sejam garantidos, como por exemplo, educação pública universal de qualidade, saneamento básico, saúde, segurança pública etc.

As alternativas sustentáveis podem acontecer a partir de modelos e experiências exitosas de tecnologias experimentadas por outras comunidades, como também por meio da criação de alternativas viáveis para aumentar a qualidade de vida pelos membros da comunidade.

Já as parcerias e apoios de instituições do setor privado, precisam ser buscadas sob o prisma da “via de duas mãos”, ou seja, precisam se dar no campo das relações em que ambos se beneficiem, seja a partir de produtos e serviços, seja a partir de mão de obra. Mas, não nos esqueçamos que algumas empresas já trazem em seu Planejamento Estratégico ações voltadas para a assistência à sociedade em troca de compensação fiscal e/ou tributária ou porque são empresas que têm obrigação sobre a comunidade de seu entorno devidos aos impactos socioambientais que sua atividade causa, tendo, portanto, a obrigação da Responsabilidade Social.

Tais ações são discutidas e priorizadas pelos diversos entes da comunidade que compõem o FEC, cujo espaço deve ter como característica a participação democrática, num espaço aberto de formulação das propostas e reflexão das necessidades da comunidade.

Assim, as propostas advindas das decisões dos representantes do FEC precisam ser decididas no Fórum, porém apresentada e acatada pela comunidade em questão. Deve beneficiar o coletivo, ainda que cada qual a seu momento, mas nunca um grupo específico. Tampouco o FEC pode ter cunho partidário, confessional, governamental e de classe.

Logo, deve se constituir em espaço diversificado e plural (considerando a diversidade étnica, cultural, geracional, de crença, de gênero etc) e abranger todas as entidades engajadas nos diferentes movimentos da comunidade que tenham interesse de agregar e trabalhar em ações concretas em prol do bem comum.

Em suma, o Fórum de Entidades Sociais precisa ser pensado, construído e consolidado enquanto ferramenta eficaz, mas acima de tudo como alternativa viável na busca por melhorias, de forma:

 

  • participativa entre as entidades representativas e a população em geral; democrática, atendendo diferentes demandas dos diversos setores e entes;
  • igualitária e solidária de modo a contemplar os mais diversos sujeitos (homens, mulheres, crianças, jovens, adultos, anciãos, etnias, religiões, condições físicas etc);
  • articuladora, de modo a fortalecer as relações econômicas e estruturais e
  • resistente e resiliente, lutando pela igualdade e equidade de direitos, reivindicando suas garantias constitucionalizadas, mas sem se desumanizar, logo, de forma não violenta.

Como se vê os FESCs precisam se ancorar na perspectiva humanizadora de garantir de fato o desenvolvimento do ser-humano-humanizado através das instâncias que nos cercam.

 Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio: Seu eu e suas circunstâncias. (FREIRE, 1979, p. 30-31)[3].

[1] ROCHA, V.C. UBUNTU: O “nós” e as relações comunitárias. Revista Estimuladamente, ano 1, ed. 1, jun. 2018. Disponível em: <http://www.estimuladamente.com.br/revista/2018/07/07/ubuntu-o-nos-e-as-relacoes-comunitarias/>.

[2] Para (re)ver a compreensão que se faz de relação comunitária (re)visite a primeira edição da Revista EstimuladaMente, seção Relações Comunitárias, matéria “UBUNTU: O ‘nós’ e as relações comunitárias” (http://www.estimuladamente.com.br/revista/2018/07/07/ubuntu-o-nos-e-as-relacoes-comunitarias/)

[3] FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 15 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1979.

Colaboradores

Vania Rocha

vaniarochasocial@gmail.com