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09/11/2018 Universo Holístico

O que são Constelações Familiares?

Desde que a revista foi lançada os amigos nos bombardearam de indagações acerca do fato de não terem encontrado nenhuma coluna assinada por nós. Explicamos, eu e Marcelo, sobre a proposta da revista enquanto um painel de desenvolvimento humano, etc., etc…. tudo que você leitor já conhece sobre nosso conceito. Mas, no auge de nossos diálogos chegamos à seguinte questão: por que não? Se as pessoas querem ler aquilo que produzimos, então vamos escrever!

Assim nasce essa coluna, que tem como objetivo principal apresentar nuances diversas desse universo holístico que nos cerca. Para quem ainda não tem clareza do conceito de holismo, tentarei de forma breve alinhá-lo, de modo que isso facilite a compreensão de tudo que será apresentado aqui. Em linhas gerais, entendemos a abordagem holística como uma compreensão ampla do todo e das partes, uma superação do paradigma cartesiano e que se ancora na compreensão sistêmica e de interferência entre todo e partes, em qualquer circunstância. Sendo assim, somos adeptos do Edgar Morin quando ele diz que o todo é ao mesmo tempo mais que a soma das partes e menos que a soma das partes. Mais que a soma das partes na medida em que cada parte também é um todo; menos que a soma das partes, já que existem características que só se manifestam a partir da junção das partes.

Enfim, feitos esses esclarecimentos necessários, vamos ao que interessa. Cada vez que mergulho mais nesse universo holístico, tenho descoberto diferentes abordagens sobre o homem, sua condição de ser e estar no mundo, suas crenças, traumas e maneiras diversas de tratar isso de modo a ajudá-lo a encontrar o “caminho do meio”. Nessa perspectiva, apresentaremos aqui alguns estudos que certamente nos ajudarão a encontrar novas possibilidades, respeitando os diferentes rumos que devem ser escolhidos por cada um em sua jornada.

Nessa edição iremos tratar das Constelações Familiares, e nada mais coerente do que conversar com uma especialista no assunto. Simone Bernardino é Coach, facilitadora em Constelações Familiares e organizacionais e Consultora Sistêmica, com mais de 26 anos de experiência. Atualmente reside em Cuiabá, mas viaja todo o Brasil ministrando cursos, treinamentos, workshops e fazendo seus atendimentos. Na nossa agradável conversa, foi possível aprofundar um pouco sobre o universo das constelações familiares, suas bases epistemológicas e o olhar sobre alguns assuntos que para nós ainda permanecem no senso comum.

De acordo com a nossa entrevistada, a constelação familiar é um método, uma técnica, criada pelo alemão  Bert Helinger, que tem como base principal a compreensão de nossa  posição dentro da  família, dentro da  empresa, dentro da  vida. Nesse sentido, ela enfatiza que constelar significa posicionar. A ideia é que nos posicionemos em especial dentro da família de acordo com a nossa função que, segundo o Bert Helinger, se  constrói considerando as ordens do amor.

A Simone explicou melhor para nós essas ordens, que são assim enumeradas:

1ª- todos nós temos o direito de pertencer, todos nós temos uma origem e precisamos aceitá-la incondicionalmente;

2ª- Respeito a hierarquia no posicionamento familiar e, portanto, não devem haver excluídos. Nesse sentido, todos os filhos são considerados, inclusive os não nascidos;

3ª- Diz respeito ao dar e receber. Nem sempre o outro está preparado para receber aquilo que queremos dar. Para a Simone existe uma matemática nesse dar e receber. É uma matemática sistêmica onde mais com mais vira mais.

Então, o Bert Helinger estrutura as constelações nesses três níveis que são esteio para a análise, tanto no ambiente institucional, quanto no judiciário, quanto para a educação, com suas especificidades, é claro. A entrevistada afirma que se tivesse que resumir sua compreensão de constelação, a expressão posicionamento sistêmico é a mais adequada. Para didatizar essa síntese ela exemplifica: “Eu costumo também dizer que é como se nós tivéssemos uma mesa ou uma cadeira escolar e aí é aquele momento que você passa a mão debaixo da cadeira e acha um chiclete e fala: – Eca! O que é isso que está fazendo aqui em baixo? Eu não tinha visto. E pode ser um chiclete, pode ser qualquer coisa que está grudado lá. Então, em cima da mesa existe aquilo que é consciente, é ‘Poxa, a minha vida não está bacana, meus relacionamentos não são legais, a minha empresa não traz clientes. Ou por que meu produto não tem sucesso’. Você vê isso de forma consciente. Mas, inconsciente você pode não estar olhando para empresa, pode não estar olhando para sua relação, pode não estar se posicionando. Então, quando você enxerga… a constelação tem uma forma dinâmica, é uma terapia breve e que traz essa informação para seu corpo e você começa a perceber onde é o seu posicionamento e o que você precisa fazer, então você pode criar ações estratégicas a partir daí”.

Ela também nos esclareceu sobre o tão famoso “campo sistêmico”, que se trata de toda uma forma de pensamento. Existem estudiosos, pesquisando bastante a questão de como esse campo se forma, que energia quântica é essa que move as pessoas. O que fica claro é que na realidade estamos falando de estrutura de pensamento e de emoção. Portanto, nossa forma de movimentação nesse campo são as nossas escolhas. Na verdade, se buscássemos uma imagem para alusão seria a de uma grande teia, visto que quando nos movemos de qualquer ponto, outro também se move. Então o campo é a possibilidade de ver a mesma imagem de perspectivas diferentes, a partir de tudo que carregamos em nossa vida, por que mesmo que não saibamos, carregamos diversas informações de nossos antepassados constituindo um campo de ressonância.

O que ficou evidenciado na nossa entrevista é que quando evoluímos, carregamos conosco o que está atrás de nós (nossos antepassados) e alteramos as estruturas que ainda virão a partir de nós. Que responsabilidade! Outro ponto preponderante é a relação da mãe no posicionamento sistêmico, visto que ela libera ou aprisiona. Caberá a nós romper as lógicas anteriores, tomando novas decisões, sem excluir esses aspectos; só assim liberaremos as gerações futuras. “É um olhar constante de vigília sobre a posição que ocupa. Está no piloto automático, ou está fazendo as coisas mais conscientemente? Tomou decisões com qual motivação? Onde deseja chegar com ela? Então constelar ou posicionar se dá nesse sentido, implica em sair do seu automático e realmente ser o autor, o guia do seu carro, para que ele te leve onde você precise realmente ir”, diz Simone Bernardino.

Como já era de se esperar, ao final da entrevista a Simone nos brindou com uma mensagem especial para você, nosso querido leitor:

“Se aceite como você é! Porque quando você se aceita, você aceita uma parte que é do seu pai, uma parte que é da sua mãe. Você aceita os dois. Então quando os dois são aceitos, você ganha a liberdade de integrar o sistema. Se o seu pai não foi um cara bacana, não importa, você recebeu dele a melhor parte para que você estivesse aqui. Se a mãe nunca deu atenção, se não conseguiu a conexão, não importa, ela deu o melhor dela, que foi a sua vida. Qual a melhor forma de fazer diferente? Aceitar o seu próprio jeito sem julgamento. Mas quando digo aceitar, isso não significa passividade. Significa: agora que me aceito, o que vou fazer de diferente para minha vida que dependa só de mim? Sabendo que você é todo esse ser aí, perfeito, que recebeu o que tinha para receber, que integrou isso, o que você vai fazer com essa melhor parte, que é você?”

Terminamos assim… Refletindo! Até a próxima!

Colaboradores

Simone Bernardino
Amanda Reis

amanda.reis@estimuladamente.com.br